Henrik Fisker é sobejamente conhecido. O designer americano, que nasceu dinamarquês, assinou projectos icónicos como o BMW Z8 e os Aston Martin DB9 e V8 Vantage. Mas o sucesso de Fisker na concepção de linhas não se estendeu ao mundo dos negócios. Fisker arriscou criar uma marca em nome próprio, que faliu um ano depois (2013) de lançar o seu único modelo, o Revero. Henrik viu os chineses da Wanxiang ficarem com os activos da Fisker Automotive em leilão, mas agarrou-se à marca com o seu nome para relançá-la em 2016, com muitas promessas.

Primeiro, a Fisker Inc. prometeu que no ano seguinte iria apresentar um novo modelo eléctrico. E cumpriu, na parte dos teasers, pois o EMotion – assim se designa o modelo – acabou por surgir aos olhos do público na edição deste ano do Consumer Electronics Show de Las Vegas.

Depois, Henrik disse que o seu sedan iria ser revolucionário, muito por conta de uma nova tecnologia de baterias, que trocavam o lítio pelo grafeno. Essa parte (também) não cumpriu. O desenvolvimento desses novos acumuladores estaria a cargo de uma outra empresa que ele fundou, a Fisker Nanotech, sediada na Califórnia, que teria a responsabilidade de fazer essas tais baterias dotadas de uma autonomia e de uma longevidade sem paralelo. Sucede que, afinal, o EMotion está equipado com as tradicionais baterias de iões de lítio – ao que parece com 140 kWh de capacidade – que a LG Chem fornece a uma série de outras marcas, da Chevrolet à Renault…

As baterias em estado sólido patenteadas por Fisker

Em que ponto estão, então, as tais baterias revolucionárias de Fisker, entretanto já patenteadas? Estão em desenvolvimento. O problema é que esta tecnologia ainda é muito recente, pelo que os mais cépticos antecipam que não surgirá antes de… 2030. Já Fisker é mais “imediato”, atrevendo-se já a antecipar que, em 2020, a sua solução vai custar um terço do preço das baterias actuais, com a vantagem de oferecer autonomias superiores a 800 km e tempos de recarga de escassos minutos, à conta do facto de possuírem eléctrodos com mais 25% de superfície que as baterias convencionais. O que, no plano teórico, seria brutal: estamos a falar da capacidade de armazenar 2,5 vezes mais energia com um custo 66% inferior!

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Enquanto não vai da teoria à prática, Fisker quebrou o silêncio em relação ao seu EMotion. Cinco meses depois de o sedan ter sido revelado, eis que é o próprio designer que surge aos comandos da máquina, em vídeos que foram colocados no canal do YouTube que, entretanto, foi criado. Talvez para manter acesa a curiosidade em torno desta proposta… É que as primeiras unidades do EMotion só começarão a ser entregues no segundo semestre de 2019. Isto nos Estados Unidos da América, pois o modelo não chegará à Europa antes de 2020. Nada que tenha impedido Henrik de seguir a moda lançada pela Tesla, abrindo já as reservas para o sedan, mediante o pagamento de 2.000 dólares reembolsáveis.

Com preços que arrancam nos 120 mil dólares (cerca de 110.000€), o EMotion posiciona-se como um rival directo de propostas como o Model S e o Taycan que a Porsche irá introduzir em 2019 – embora a marca de Estugarda não “aprecie” ser colocada lado a lado com a Tesla…

O EMotion é um tracção integral que conta com um conjunto de motores eléctricos que debitam, no total, uma potência superior a 575 kW (782 cv). O sedan de luxo vai de 0 a 100 km/h em cerca de 3 segundos, oferece uma autonomia de 644 km e tempos de carregamento reduzidos, com a Fisker a garantir 200 km em 9 minutos. A velocidade máxima é de 258 km/h e o carro estará equipado com sistemas que permitem uma condução autónoma de nível 4, quando isso for legalmente possível.

Tudo isso acrescido de um interior luxuoso, onde abunda o espaço, os ecrãs tácteis e as soluções de conectividade, com as portas “asa de borboleta” a abrir através de um comando no smartphone. Por apenas 110.000€? O valor é espectacular, atendendo a que o Model S mais assanhado, o P100D, oferece o mesmo tipo de prestações, mas exige em troca cerca de 123.000€ (ambos os preços relativos ao mercado americano e convertidos do valor em dólares). Porém, até hoje, não foram revelados mais dados acerca do sistema motopropulsor que anima o EMotion. No site, fala-se em “múltiplos” motores eléctricos, sem sequer especificar um número. Depois, a carga de 200 km em 9 minutos faz-se em que tipo de postos de carregamento? Desconhecemos. Mais: onde é que o EMotion vai (mesmo) ser produzido? Até agora não foi tomada nenhuma decisão a esse respeito.