O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu esta segunda-feira reduzir a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) em 75 pontos base para 15,75%, anunciou em comunicado.

A taxa MIMO é um valor de referência diário aplicável às operações efetuadas entre os bancos comerciais e o banco central. “A manutenção da estabilidade da inflação e das projeções de médio prazo, que continuam a apontar para um nível em torno de um dígito, permite que o CPMO prossiga com o ciclo de redução das taxas de juro iniciado em abril de 2017”, justifica Rogério Zandamela, governador do banco central, no comunicado divulgado após uma reunião do comité.

A informação referente a maio indica que a inflação homóloga, “medida pela variação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Moçambique, permanece baixa e estável, ao fixar-se em 3,26%, após 2,33% em abril e perante 20,45% em maio de 2017”, lê-se no documento. Ainda assim, “persistem riscos diversos e que exigem prudência na condução da política monetária”, acrescenta Rogério Zandamela.

A nível interno, o banco central considera que se mantém “o risco associado à sustentabilidade da dívida pública, bem como as incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados”. O défice público agravou-se, de acordo com dados das contas públicas referentes ao primeiro trimestre de 2018, “impondo maior pressão para o financiamento interno”, segundo o comunicado.

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Na componente externa, de acordo com o banco central, “destacam-se os riscos associados à tensão comercial entre as principais economias, bem como à volatilidade do dólar norte-americano e dos preços das ‘commodities’ no mercado internacional, com realce para o preço do petróleo”.

Adicionalmente, na reunião desta segunda-feira, o Banco de Moçambique manteve a taxa da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 18,00%, assim como os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional em 14,00% e em moeda estrangeira em 22,00%, tendo reduzido a taxa da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 50 pontos base, para 12,00%.

As taxas de juro a retalho “reagem timidamente à queda da taxa MIMO”, acrescenta Zandamela no comunicado de hoje. Por outro lado, “o crédito ao setor privado continua estagnado, num ambiente de contínuo aumento do endividamento público interno”.

“A taxa de juro média a retalho, com prazo de um ano, registou uma redução de 3,2 pontos percentuais, para 28,69% em abril, comparativamente a dezembro último”, sublinha.

O saldo de reservas internacionais cresceu para 3.235 milhões de dólares (2.783 milhões de euros), “montante suficiente para cobrir cerca de sete meses de importação de bens e serviços, excluindo as transações dos grandes projetos”. A próxima reunião do CPMO está marcada para 30 de agosto.