A Guardia Civil está a investigar as circunstâncias da morte de Maria José Alcón, ex-vereadora da Cultura do Partido Popular (PP) espanhol, que foi encontrada morta este sábado pelo marido, ex-vice alcaide de Valência Alfonso Grau. Ao que tudo indica, Alcon ter-se-á lançado da varanda de uma casa de família em Callosa d’en Sarrià, Alicante.

Segundo o El Español, que considera esta a décima morte “estranha” no PP de Valência, Alfonso Grau tinha saído com um amigo nessa manhã e quando regressou a casa encontrou a mulher já morta. Maria José Alcon e o marido, casados desde 2015, foram investigados no caso Taula. Alcón foi mesmo uma dos 24 detidos no âmbito desse processo, que em 2015 investigou suspeitas de branqueamento de capitais no dinheiro usado pelo PP de Valência na campanha eleitoral. Esse dinheiro teria sido obtido de forma fraudulenta através de contratos públicos celebrados com algumas empresas também suspeitas no processo.

A ex-vereadora sofreu vários problemas de saúde e esteve internada diversas vezes nos últimos anos. Um desses internamentos deveu-se a um acidente que sofreu em casa, em que caiu de uma altura de dois metros e ficou gravemente ferida. As sequelas que sofreu foram usadas como argumento em tribunal para não conseguir prestar alguns esclarecimentos. Alegou problemas de memória.

Alcón foi vereadora da Cultura no governo da falecida e ex-alcaide de Valência Rita Barberá — empurrada a deixar o cargo depois da investigação por branqueamento de capitais e que morreu em novembro de 2016 vítima de uma cirrose. Licenciada em Direito e com um mestrado em Direito do Urbanismo, Alcón foi apanhada numa gravação entregue por um empresário às autoridades.

Nessa gravação, que integra o processo, há uma conversa com o filho em que se ouve Alcón a falar de um branqueamento de 50 mil euros nas eleições municipais e autonómicas de 2015. O filho informa-a que recebeu um telefonema do gerente do banco a perguntar se estava “tudo bem” e que “estava muito preocupado”. Ela responde-lhe que fizeram algo errado no partido. “Deram-me mil euros em duas notas de 500, ‘dinheiro negro’, e eu tinha que lhes fazer uma transferência da minha conta para branquear o dinheiro. Corrupção política total”, denunciou.

Quando foi detida, a ex-autarca reconheceu esse branqueamento, mas já em novembro de 2016 perante o juiz de instrução não conseguiu clarificar as suas contradições. E acabou por dizer que quando confirmou essa transação, se encontrava “muito mal” de saúde e não se lembra sequer de o ter afirmado.

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