Primeiro foi o conflito com os migrantes, agora são as pessoas de etnia cigana. O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, anunciou esta segunda-feira que pretende fazer o recenseamento de ciganos a residir em Itália, de forma a expulsar, através de acordos com outros estados, todos os que estão em situação irregular no país. “Aqueles que forem italianos infelizmente teremos que deixar ficar”, disse Santini em declarações à estação televisiva TeleLombardia.
O ministro disse ainda que está a preparar “um dossier sobre a questão dos ciganos em Itália”, para saber “quem, como e quantos são”. Salvini criticou na televisão local a atuação do ex-ministro Roberto Maroni, afirmando que “nada foi feito” nesta matéria e, por isso, agora vive-se “o caos”.
A população de etnia cigana tem sido alvo de várias críticas do partido de extrema direita que este mês formou governo em coligação com os populistas do Movimento 5 Estrelas.
O anúncio polémico de Salvini já foi duramente criticado pela oposição. Segundo o El Mundo, Maurizio Martina, secretário do Partido Democrático, associou a atitude do ministro a “um aumento de mensagens perigosas e inaceitáveis”, acrescentando que “não é possível que um país europeu como Itália viva cada dia a provocação que não ajuda a resolver nenhum problema e alimenta uma espiral de propaganda muito perigosa”.
Já o ex primeiro-ministro, Paolo Gentiloni, disse em tom irónico: “Ontem os refugiados, hoje os ciganos, amanhã armas para todos”.
Ieri i rifugiati, oggi i Rom, domani le pistole per tutti. Quanto è faticoso essere cattivo
— Paolo Gentiloni (@PaoloGentiloni) June 18, 2018
As associações de ciganos também já reagiram ao anúncio de Matteo Salvini. “Os ciganos italianos estão presentes no nosso país há pelo menos meio século e às vezes são mais italianos que outros cidadãos”, recordou o presidente da associação “21 de julho”, Carlo Stasolla ao La Repubblica.