Iñaki Urdangarin deu entrada esta segunda-feira, dia 18, às 8h13, na prisão feminina de Brieva (Ávila) para cumprir a sua pena de 5 anos e 10 meses por crimes de corrupção. Construída em 1989, a prisão tem cerca de 162 celas, mais 18 na ala hospitalar, e ficou conhecida quando, em 1995, viu Luis Roldán, diretor geral da Guarda Cívil, servir os seus 15 anos de sentença por crimes de corrupção na ala especial onde agora o cunhado do rei de Espanha, de 50 anos, cumprirá a sua pena.

À chegada ao aeroporto em Madrid, os jornalistas espanhóis não deixaram escapar nenhum detalhe. Urdangarín — que viajou diretamente  de Genebra para a capital espanhola no último domingo para, no dia seguinte, se entregar às autoridades em Brieva — chegou sem a companhia da família, apenas escoltado por sete guarda-costas. Uma medida de prevenção antecipando a pequena multidão de populares que o aguardava com insultos. Em estilo informal, o marido da infanta Cristina chegou vestido com umas calças de ganga e um pólo cinzento de manga curta da marca Burberrys, cujo preço andará pelos 200 euros, e uma mala a tiracolo da mesma marca. Na entrada em Brieva, Urdangarín optou por um estilo mais formal.

A prisão de Brieva fica a cerca de hora e meia de distância de Madrid e de Valladolid. O estabelecimento prisional ocupa uma área de 98.484 metros quadrados e fica numa zona relativamente isolada de Ávila. De acordo com o jornal espanhol ABC, a prisão conta com um módulo especial com cinco celas, que será ocupado apenas por Urdangarin. A zona da prisão ocupada pelo antigo duque de Palma e ex-atleta olímpico da seleção espanhola de andebol conta ainda com um pátio interior (com 25 metros quadrados), uma zona para refeições, casa de banho e salas de visitas.

Visitas e telefonemas muito restritos

Iñaki Urdangarin irá poder usufruir, uma vez por mês, de 50 minutos de chamadas telefónicas e uma visita. Durante o dia a dia, o único convívio que terá será com o guarda prisional que lhe trará as refeições, três vezes por dia, diretamente para a sua cela. O facto de estar neste módulo para prisioneiros considerados “difíceis”, cunhado do Rei de Espanha não terá qualquer contacto nem poderá participar em atividades com as restantes reclusas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo noticia o El País, fontes ligadas ao estabelecimento prisional garantem que a área masculina “precisa de ser revista.”. A última vez que essa ala foi utilizada foi de forma transitória, de modo a albergar prisioneiras que se encontravam na ala hospitalar enquanto o espaço onde estavam antes se encontrava em obras. Há cerca de dois anos, cerca de 1,3 milhões de euros foram gastos a melhorar o sistema de aquecimento do estabelecimento.

Não é a primeira vez que a prisão Brieva é ocupada por reclusos conhecidos. Para além de Luis Roldán, antigo diretor geral da Guarda Civil, líderes de organizações ligadas ao narcotráfico julgados pelo juiz Baltasar Garzón e um colaborador de uma célula terrorista da ETA, aqui estiveram a cumprir pena.

Isabel García Marcos, condenada pelo caso Malaya ou a terrorista Samira Yerou, conhecida jihadista, que se suicidou na sua cela. Hoje em dia, tem Dolores López Resina, que fez parte de célula da ETA em Barcelona, e foi sentenciada a mais de 100 anos de prisão. Com a chegada de Urdangarin, a prisão comprometeu-se a fazer uma limpeza total da ala.

Iñaki Urdangarin entra na prisão de Brieva

No rescaldo da notícia do encarceramento do cunhado do Rei de Espanha, o jornal El Español, lembrou algumas polémicas que passaram pela prisão. Em janeiro de 2015, um dos funcionários da prisão foi suspenso pelas instituições penitenciárias devido a queixas de abusos sexuais por parte de reclusas. A denúncia, detalhada pelo El Mundo, descrevia que as reclusas eram forçadas a manter relações sexuais a troco de comida, álcool e drogas.

Outra das polémicas envolveu Teletubbies. Há quase 20 anos, em 1999, a polícia abriu uma investigação em quatro prisões espanholas em que se descobriu que bonecos dos Teletubbies estavam a ser fabricados dentro da prisão, de forma ilegal. A Brieva foi alvo de buscas e de investigações. Ao todo, cerca de 100 mil cópias ilegais dos personagens da série de televisão infantil foram descobertas, cuja venda se realizava em mercados de rua.