O presidente executivo da TAP afirmou hoje, sobre a auditoria do Tribunal de Contas (TdC) que aponta um aumento dos riscos para o Estado devido à recompra da companhia, que “é impossível” assegurar um risco zero neste tipo de negócio.

“Assegurar que não há risco é simplesmente impossível”, disse Antonoaldo Neves à margem de um evento da companhia no Porto. “Ninguém pode assegurar que nenhuma empresa do mundo não tem risco”, completou.

“Há riscos em todos os negócios, faz parte do negócio ter risco e todo o acionista que investe capital num negócio está ciente dos riscos”, sustentou o responsável, destacando, contudo, que “também há retorno” e que “todo o acionista busca uma equação adequada de risco e retorno”.

Auditoria do Tribunal de Contas. Recompra da TAP aumentou riscos para o Estado

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Antonoaldo Neves não quis, no entanto, alargar-se nos comentários à auditoria do Tribunal de Contas, salientando que este “é um assunto de acionista, não dos executivos”.

Não analisei ainda o relatório e emitir uma opinião preliminar sobre o assunto, ainda mais um assunto que é da esfera dos acionistas, não é adequado para o CEO [presidente executivo]”, afirmou Antonoaldo Neves.

O responsável recordou que “a TAP foi lucrativa no ano passado” e que o objetivo é “multiplicar por sete vezes o lucro”. “Como CEO da TAP tenho confiança de que vamos chegar lá. Estou confiante de que temos todas as condições para cumprir o plano de negócios e o orçamento deste ano”, disse.

A administração da TAP, concluiu ainda o CEO, tem “uma relação ótima com o Estado português”.

O Tribunal de Contas (TdC) conclui numa auditoria divulgada esta quarta-feira que o processo de reprivatização e recompra da TAP foi “regular”, mas “não o mais eficiente”, porque as “sucessivas alterações contratuais” agravaram as “responsabilidades do Estado” e aumentaram a “exposição às contingências adversas da empresa”.

A recompra de capital na TAP, concretizada em 2017, levou o Estado a assumir maiores responsabilidades na capitalização e financiamento da empresa, afirma o Tribunal de Contas na auditoria.  Apesar de o Governo socialista ter recuperado o controlo estratégico da companhia com esta operação, que lhe permitiu ficar com 50% do grupo de aviação, perdeu direitos económicos, que passaram de 34% para 5%, em futuras distribuições de dividendos. E o resultado final é uma maior exposição aos riscos adversos da empresa, onde se inclui a possibilidade de o Estado assumir a dívida bancária até à privatização.

Solicitada pela Assembleia da República para avaliar “a regularidade e a salvaguarda do interesse público” na operação de reprivatização e recompra da TAP, a auditoria do TdC recomenda ao Governo que promova “um quadro regulador estável sobre a participação do Estado em empresas de caráter estratégico” e assegure “mecanismos adequados de partilha de riscos, de responsabilidades e de benefícios económicos e financeiros com o parceiro privado”.

“Após a recomposição do capital social a evolução da situação económica e financeira da empresa e as estimativas apresentadas no seu plano estratégico (capitais próprios e resultados líquidos) são positivas. Porém, subsistem os riscos inerentes às obrigações assumidas pelo Estado e as projeções, até 2022, são insuficientes para aferir da sustentabilidade do negócio”, sustentam os auditores.