As histórias, imagens e gravações das crianças separadas dos pais na fronteira entre os Estados Unidos e o México também chegaram ao mundo da tecnologia. Alguns dos responsáveis das principais empresas tecnológicas deram um passo à frente e quiseram fazer-se ouvir em relação à política de “tolerância zero” nas fronteiras, levada a cabo pela administração de Donald Trump.
No Facebook, foi realizada a maior angariação de fundos de sempre na rede social. A ideia partiu de um casal — Charlotte e Dave Willner — que através do Facebook Fundraisers conseguiu angariar 13 milhões de dólares (11,23 milhões de euros) destinados à RAICES, uma organização sem fins lucrativos que fornece ajuda legal aos imigrantes e refugiados. O objetivo inicial da angariação de fundos era de 1.500 dólares (1.294 euros). Mark Zuckerberg, fundador da rede social, confirmou através de uma publicação que também fez um donativo e reforçou a necessidade de “parar esta política imediatamente”.
Organizations like Texas Civil Rights Project and RAICES are doing great work helping families at the US border get…
Posted by Mark Zuckerberg on Tuesday, June 19, 2018
Já o diretor da Microsoft, Satya Nadella, disse esta segunda-feira que a empresa está “chocada com a separação forçada” das famílias e enviou um email para todos os funcionários, onde contou a sua própria experiência. “Considero-me um produto de duas facetas incríveis e únicas da América: a tecnologia americana chegou a mim quando estava a crescer e permitiu-me sonhar e a política de imigração permitiu-me viver esse sonho”, referiu o presidente, acrescentando que “como pai e imigrante” a temática toca-o pessoalmente. “Esta nova política implementada na fronteira é simplesmente cruel e abusiva e nós apoiamos uma mudança”, sustentou.
EUA: Centenas de crianças estão em celas, separadas dos pais imigrantes
Os cofundadores da Airbnb — Nathan Blecharczyk, Joe Gebbia e Brian Chesky — referiram que “o governo dos Estados Unidos precisa de parar com esta injustiça e voltar a reunir estas famílias”.
https://twitter.com/jgebbia/status/1008843574329241600
Do lado da Apple, Tim Cook disse ao The Irish Times que as separações das famílias são “desumanas e precisam de parar”. O presidente da multinacional acrescentou que a Apple está a trabalhar com o governo americano para tentar ser “uma voz construtiva” na temática.
As fotografias e os vídeos das crianças separadas dos pais na fronteira EUA-México
Nas várias reações que chegam do mundo tecnológico sobre o que se passa na fronteira dos Estados Unidos, são muitos os que utilizam a hashtag de apoio #keepfamiliestogether (em português “mantenham as famílias juntas”). É o caso do presidente da Google, Sundar Pichai, que enviou uma mensagem de apelo ao governo americano para “trabalhar em conjunto para arranjar uma forma melhor, mais humana e que reflita” os valores americanos como nação.
The stories and images of families being separated at the border are gut-wrenching. Urging our government to work together to find a better, more humane way that is reflective of our values as a nation. #keepfamiliestogether
— Sundar Pichai (@sundarpichai) June 19, 2018
Da Uber chegou uma mensagem de Dara Khosrowshahi, que também conta a sua experiência pessoal para abordar o assunto: “Como pai, cidadão e imigrante, as histórias que chegam da fronteira partem o meu coração. A família é a espinha dorsal da sociedade. Uma política que a separa em vez de a juntar é imoral e muito errada”, disse o diretor da multinacional americana, também no twitter.
As a father, a citizen and an immigrant myself, the stories coming from our border break my heart. Families are the backbone of society. A policy that pulls them apart rather than building them up is immoral and just plain wrong. #KeepFamiliesTogether https://t.co/g2Cu40zvcX
— dara khosrowshahi (@dkhos) June 19, 2018
Segundo a Bloomberg, por detrás destas reações e donativos, não há sinal de as empresas de tecnologia estarem a planear alguma ação em concreto, como por exemplo o fim de contratos com agências de imigração dos Estados Unidos ou outras agências do governo.
O debate poderá deixar transparecer um paradoxo nas empresas: como manter a sua força de trabalho satisfeita, sem entrar em lutas políticas que possam prejudicar as vendas ou ameaçar a reputação junto dos clientes mais conservadores.