A situação na República Centro-Africana (RCA) continua a degradar-se, reconheceu o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, no relatório quadrimestral sobre este país, que apresentou ao Conselho de Segurança, datado de segunda-feira.

Guterres apresentou uma situação de confrontos armados e violência contra civis, em várias partes do país, bem como ataques ao pessoal humanitário e aos capacetes azuis que integram a missão da ONU no país, a Minusca, que conta com 159 militares portugueses.

“Particularmente preocupante é a posição de crescente ameaça à capital (Bangui) por parte de alguns grupos armados”, especificou. Uma “retórica sectária” e “incendiária”, a “exploração de diferenças religiosas” e “a manipulação da população” têm contribuído para um “aumento da violência intercomunitária”, bem como para “a hostilidade para com a Minusca e outros atores internacionais”.

No seu relatório, Guterres admitiu que está “aterrado” com o facto de, “cinco anos depois do início da crise na República Centro-Africana, a violência intercomunitária continuar a ter um forte impacto nos civis em todo o país”.

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De forma detalhada, Guterres apontou: “O caráter de vingança das matanças, complementadas com a destruição e a queima sistemáticas de símbolos religiosos, como mesquitas e igrejas, é profundamente perturbador”.

Neste mesmo registo, acrescentou que “perturbador é também a feroz disputa de recursos por parte de grupos armados, a violência criminosa e a manipulação de identidades religiosas e étnicas por motivos de ganhos políticos ou oportunísticos, o que está a alimentar a violência”.

O secretário-geral da ONU faz mesmo o alerta: “O aumento da violência em Bangui é particularmente preocupante, tal como a posição de crescente ameaça à capital por parte de alguns grupos armados, o que alimenta rumores e a insegurança”.