O ex-presidente da Câmara de Castanheira de Pera Fernando Lopes e o atual presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos disseram esta quarta-feira à Lusa que foram constituídos arguidos no inquérito que investiga os incêndios de Pedrógão Grande. “Confirmo que fui constituído arguido”, afirmou Fernando Lopes, numa curta declaração à Lusa.

Fernando Lopes liderou Castanheira de Pera, o mais pequeno e menos populoso município do distrito de Leiria durante 12 anos, tendo, devido à lei de limitação de mandatos, sido impedido de se recandidatar nas eleições autárquicas de outubro último.

Também o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, confirmou ter sido constituído arguido, adiantando que não falará sobre o assunto até o inquérito estar concluído. Jorge Abreu foi reeleito em outubro último para um segundo mandato à frente do município, que, juntamente com Castanheira de Pera e Pedrógão Grande, foi um dos mais afetados pelos incêndios de junho de 2017.

Fernando Lopes e Jorge Abreu foram constituídos arguidos na terça-feira, em Leiria. Neste dia, a Procuradoria da Comarca de Leiria anunciou que o número de arguidos no inquérito que investiga os incêndios de Pedrógão Grande, que provocaram 66 mortos em junho do ano passado, aumentou para 13.

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No âmbito do inquérito onde se investigam as circunstâncias que rodearam os incêndios de Pedrógão Grande foram, esta terça-feira, constituídos três arguidos. Assim, o processo tem, neste momento, 13 arguidos, todos pessoas singulares”, refere uma nota publicada no sítio da Procuradoria na Internet.

A mesma nota adianta que neste inquérito, dirigido pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal de Leiria, “estão em causa factos suscetíveis de integrarem os crimes de homicídio por negligência e ofensas corporais por negligência”.

“Tal como foi oportunamente informado, o inquérito encontra-se em avançado estado de investigação, tendo já sido realizadas inúmeras diligências, sobretudo de caráter pericial, e ouvidas mais de duas centenas de testemunhas”, acrescenta a Procuradoria, explicando que neste inquérito, que se encontra em Segredo de Justiça, o Ministério Público é coadjuvado pela Polícia Judiciária.

Entre os arguidos estão o comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, e o segundo comandante distrital de Leiria, Mário Cerol, além, entre outras, de pessoas ligadas à área de gestão de combustíveis.

Em junho de 2017, os incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande, norte do distrito de Leiria, provocaram 66 mortos: a contabilização oficial assinalou 64 vítimas mortais, mas houve ainda registo de uma mulher que morreu atropelada ao fugir das chamas e uma outra que estava internada desde então, em Coimbra, e que acabou também por morrer. Houve ainda mais de 250 feridos.