Pelas reações que ia tendo no banco, pelo primeiro comentário na flash interview ou pela análise que fez na conferência, era bem visível que Fernando Santos não estava satisfeito com a exibição de Portugal. O mais importante, os três pontos, acabaram por ser alcançados e garantiram que a Seleção Nacional depende apenas de si para alcançar o primeiro ou segundo lugar no grupo B, mas faltava o resto. Ou um pormenor muito em específico que apontou esta quinta-feira em conversa com os jornalistas.

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“As coisas têm funcionado, a equipa está alegre, com confiança, e a verdade é que nos jogos isto não tem acontecido. Haverá mérito dos adversários. Portugal voltou a entrar muito bem, depois teve dificuldade nas disputas de bola e nos duelos individuais, o que levou a que, em muitos momentos, não tivéssemos bola. Ao não ter bola, entramos em cansaço, não só físico como mental. Desgastas-te a correr atrás dela e em alguns momentos a equipa perde essa capacidade de ter bola e deixa-se pressionar com alguma facilidade. O problema está aí”, destacou aos jornalistas portugueses presentes, antes de abordar também a condição de chegar como campeão da Europa a uma grande competição como o Campeonato do Mundo.

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“Não vejo os jogadores no treino com esta dificuldade. Pode ter a ver com a pressão. É tudo muito bonito mas ser campeão da Europa tem peso. Falo com eles todos os dias e sei que estão confiantes porque há uma relação de absoluta confiança, mas durante o jogo o subconsciente funciona. Numas vezes é mais positivo, noutras menos”, contou, antes de revelar total confiança no apuramento: “Ao contrário do que se pensa, Portugal só quer é estar nos oitavos de final. Não estou nada preocupado com ser primeiro ou ou segundo. Há três equipas em condições de passar e isso é o fundamental para nós”.

Ronaldo foi poupado no treino a seguir ao jogo com Marrocos mas acabou por subir ainda ao relvado (FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images)

Em paralelo, o selecionador deixou elogios à qualidade do Irão, conjunto comandado por Carlos Queiroz, e garantiu que espera por outra postura em termos de controlo do jogo na próxima segunda-feira. “Conheço a equipa do Irão, já a trabalhei o suficiente para conhecer bem, mas o jogo de ontem [com Espanha] marcou os jogadores. Até percebemos pelas conversas. ‘Olha que eles são difíceis’. Isto é um grande alerta”, comentou, antes de responder à possibilidade de estar em campo um Portugal com outra capacidade de mandar no jogo. “Acredito, espero e desejo que sim, essa é a nossa forma de jogar. Umas vezes toca-se violino, outras toca-se bombo. Se quisermos ser só violinistas aquilo vai cair, só com bombo também não dá. Por um lado temos de ser agressivos e não permitir que o adversário jogue e ganhe as disputas individuais; por outro, temos de colocar capacidade ofensiva em campo. Não podemos seccionar o jogo ou vamos ter problemas”.