A greve dos técnicos de diagnóstico, que arrancou às 00h00 desta sexta-feira, tem uma adesão global na ordem dos 85%, com alguns serviços a atingirem os 100%, revelou o sindicato destes profissionais de saúde.

Em declarações à agência Lusa, Luis Dupont, do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, explicou que, “de uma maneira geral, os grandes serviços têm níveis de adesão elevados”, recordando que, enquanto profissionais de saúde, de acordo com a lei, estes profissionais têm de cumprir serviços mínimos.

O levantamento que temos desta greve, que abrange instituições de norte a sul do país, aponta para uma adesão que ronda os 85% a nível global, mas com serviços a 100% e outros serviços com valores mais baixos, na ordem dos 60 a 70%”, afirmou.

Luis Dupont explicou que há serviços que não têm serviços mínimos e que, nos que têm, os grevistas são igualmente contabilizados como estando em greve, apesar de estarem obrigados a cumprir os serviços mínimos.

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Quando dizemos que há serviços que, tendo serviços mínimos, estão a 100%, é porque os grevistas, apesar de estarem a cumprir serviços mínimos, são contabilizados como grevistas. As pessoas têm a obrigação legal de estar presentes a cumprir serviços mínimos, mas estão em greve”, acrescentou.

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram às 00h00 uma greve em protesto contra questões salariais e contra a contagem de anos de serviço para efeitos de progressão na carreira, depois de terem estado paralisados no mês passado. Segundo o sindicato, esta greve surge depois de o Governo, no dia 28 de maio, ter comunicado novamente o encerramento da negociação.

Em declarações anteriores à Lusa, Luis Dupont explicou que o Governo apresentou “uma ligeira alteração” à tabela salarial, face à última proposta, dizendo que “não havia condições para apresentar matérias e questões” que são essenciais para estes profissionais.

Não é só uma questão da tabela salarial é também a questão da transição dos trabalhadores da atual carreira para a nova tabela e a contagem do tempo de anos de serviço na atual carreira”, disse, considerando “inaceitável o que Governo está a fazer na negociação”.

Algarve com adesão superior a 90%

A adesão à greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica nos hospitais de Faro e de Portimão, no Algarve, é superior a 90% em alguns serviços, como o de radiologia e análises clínicas.

Quer no hospital de Faro, quer no de Portimão, a adesão é superior aos 90%, nalguns casos muito próxima dos 100%, à semelhança do que acontece por todo o país”, disse à Lusa José Abraão, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP).

De acordo com José Abraão, a greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica está a afetar serviços como a radiologia, colheitas de sangue e análises clínicas nos hospitais de Faro, Portimão e de Lagos, unidades de saúde que compõem o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA). “Os serviços não encerraram por completo, porque estão assegurados os serviços mínimos”, frisou.

Além de um dia de greve, os técnicos de diagnóstico e terapêutica realizam também uma vigília em frente à residência oficial do primeiro-ministro, onde vão entregar um manifesto com milhares de assinaturas que apela à reabertura do processo negocial.

Os sindicatos solicitaram, no dia 5 de junho, “uma negociação suplementar” face àquilo que é a lei e o enquadramento legal relativos à transição dos trabalhadores da atual carreira para a nova tabela e a contagem do tempo de anos de serviço na atual carreira, “mas até ao momento não houve nenhuma resposta por parte dos ministérios da Saúde e das Finanças”.

Os sindicatos pediram ainda a intervenção do primeiro-ministro, António Costa, que remeteu a questão para os dois ministérios. Perante este impasse, os técnicos de diagnóstico e terapêutica decidiram voltar hoje à greve, que se repete no 13 de julho. A partir de 1 de julho irão realizar uma greve às horas extraordinárias por tempo indeterminado.

Para as 16h30, está marcada uma concentração junto à Assembleia da República, seguindo em marcha até ao Terreiro do Paço, residência oficial do primeiro-ministro, onde os profissionais vão ficar em vigília e entregar um manifesto ao primeiro-ministro.

No documento, os técnicos de diagnóstico e terapêutica explicam que o manifesto representa “uma tomada de posição” junto do primeiro-ministro e visa que “o assunto seja discutido no seio do Governo no sentido de não se dar por encerrado” o processo negocial “de forma unilateral”. Expõem ainda as suas reivindicações, entre as quais um ajuste da tabela salarial, a transição para novas carreiras e o descongelamento de escalões.