A primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, pediu esta sexta-feira ao Congresso que atue para reunir aos pais os milhares de crianças que deles foram separadas na fronteira com o México, devido à política de “tolerância zero” defendida pelo marido.

“Visitar as crianças no centro de detenção do Texas, ontem (quinta-feira), foi muito comovente. Apesar das circunstâncias difíceis, as crianças estavam de bom humor e muito amáveis. Espero sinceramente que o Congresso consiga chegar a acordo e encontrar uma solução!”, escreveu Melania na sua conta oficial da rede social Twitter.

Embora o Congresso possa incluir a reunificação familiar em alguma das propostas migratórias que, em princípio, debaterá na próxima semana, o caminho mais fácil para acelerar o processo é através de uma ordem direta do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao Departamento de Segurança Nacional.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além disso, ao mesmo tempo que Melania pedia aos congressistas para adotarem medidas neste sentido, Trump instou-os a “não perderem tempo” com temas da imigração até às eleições legislativas intercalares de novembro, num dos seus tweets.

A primeira-dama visitou na quinta-feira um dos centros de detenção para menores imigrantes na localidade de McAllen, Texas, fronteiriça com o México e onde se deslocou de forma inesperada para se inteirar diretamente da situação. A visita, que não estava anunciada e só foi tornada pública quando Melania aterrou no Texas, ocorreu quatro dias depois de a primeira-dama ter declarado, através da sua porta-voz, que odiava “ver as crianças separadas das suas famílias”.

Apesar de os dados oficiais indicarem que mais de 2.300 menores foram separados dos pais, a imprensa local citou fontes da Administração para informar que cerca de 500 crianças já foram entregues aos respetivos pais.

Trump decidiu na quarta-feira pôr fim à separação familiar na fronteira, mas não resolveu a situação dos milhares de crianças que já tinham sido separadas das famílias, porque, ao adotar a política de “tolerância zero”, a Administração não pensou nessa parte da questão, e quem gere os centros de detenção não ficou com informação sobre os menores, tendo-lhes sido igualmente retirado tudo o que poderia identificá-los, incluindo brinquedos e até os atacadores dos sapatos, como se faz nos estabelecimentos prisionais a criminosos condenados.

A ordem executiva assinada por Trump debilita esta política promovida pelo procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, que estipulava a apresentação de acusações criminais contra todos os imigrantes sem documentos que atravessassem a fronteira do México. A partir de agora, os pais já não serão acusados de crime, mas os restantes imigrantes que viajem sem crianças serão processados criminalmente.

Assim, ao não enviarem automaticamente os pais para os tribunais federais, os juízes não podem acusá-los formalmente de crimes, o que significa que permanecerão junto dos seus filhos e poderão ser libertados enquanto decorre o processo judicial.