Enviado especial do Observador à Rússia (em Saransk)

“Desculpe, agora só perguntas para o jogador”, take 1. “Desculpa, agora só perguntas para o jogador”, take 2. A certa altura da conferência de imprensa antes do encontro com o Irão, Pepe já se ria e perguntava se era para ir embora perante as questões de jornalistas estrangeiros para Fernando Santos quando era o período dedicado ao central. De facto, existiu quase uma inversão entre o que aconteceu no dia do jogo com Marrocos, onde todos os caminhos iam dar ao luso-brasileiro, e nesta primeira aparição na Mordovia Arena, em Saransk. Nada que perturbasse muito o estilo descontraído do experiente defesa, uma espécie de íman que parece atrair tudo o que são decisões confirmadas ou reconfirmadas pelo VAR nos dois encontros iniciais.

E no final, a “bomba” de Amrabat: “O árbitro falou com o Pepe antes do jogo para lhe pedir a camisola”

“Sim, é verdade que estive nesses dois lances que falam. Com a Espanha, o próprio Diego Costa já comentou e fomos penalizados pelo árbitro; contra Marrocos, também não percebo o porquê de tanta polémica porque estava a ser errado. Uma coisa tenho como certa: se não fosse golo do Ronaldo, era penálti. Nenhum árbitro vem para prejudicar e nós só temos de fazer o nosso trabalho, dentro de campo. É isso que o selecionador e o próprio povo pedem”, referiu, cortando depois para canto mais comentários sobre esse duelo ibérico a abrir o Mundial. “Para nós jogadores e para quem gosta de futebol, foi um belo jogo mas não tenho mais nada a dizer, é um encontro que já faz parte do passado”.

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Entrando mais no encontro desta segunda-feira, Pepe recusou qualquer tipo de facilidades frente a um conjunto do Irão que tem surpreendido neste Mundial, ao mesmo tempo que relativizou o reencontro com Carlos Queiroz, técnico que fez tudo (e com sucesso) para levá-lo ao Mundial de 2010, na África do Sul, após uma longa paragem de lesão nos primeiros meses do ano.

Queiroz e Pepe num treino em Magaliesburg, que serviu de base no Mundial de 2014 para Portugal (FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images)

“Não é por estarmos à frente que pensamos que está ganho, temos sempre muito respeito pelos nossos adversários. Temos a humildade de reconhecer que é um jogo muito importante para nós e para o nosso povo, para podermos passar a fase de grupos. Vai ser um jogo de muita entrega, muita luta e superação, que é o que Portugal demonstra em cada jogo”, destacou. “Carlos Queiroz? Vamos enfrentar o Irão, é o mais importante. Como já disse, vamos encarar o jogo com muito espírito, muita vontade de vencer e muito companheirismo. Esse é o nosso ponto forte, sermos uma equipa guerreira e solidária”.

Por fim, e na antecâmara de um encontro que terá muitos poucos portugueses nas bancadas da Mordovia Arena, Pepe destacou a importância para a Seleção de sentir o apoio do público nacional. “Temos sentido o apoio dos portugueses. Sentimos isso com Marrocos que, num estádio com 75 ou 80 mil, a maioria marroquina, tinha lá portugueses, pelos quais corremos, lutámos e trabalhámos. Por eles e por todos os outros portugueses que estão pelo mundo fora. É com esse intuito que entramos em campo, dar tudo para honrar a camisola e o nosso povo”, conclui o central que voltará a ser titular amanhã com o Irão.