Na Arábia Saudita vive-se um dia de loucura. Num gesto magnânimo dos responsáveis pelo reino saudita, as mulheres deixaram de ser equiparadas a seres inferiores e passaram – imagine-se o arrojo – a poder conduzir. E, como se isso não bastasse, podem também ir ao cinema em salas abertas ao público, a concertos ao vivo e até frequentar recintos desportivos ao lado dos homens, o que certamente lhes vai também enriquecer o vocabulário.

A autorização para as senhoras locais poderem assumir o volante a partir de hoje, domingo 24 de Junho, foi anunciada há cerca de nove meses, em Setembro de 2017, mas para não haver “promiscuidade” – isto aos olhos do monarca –, foram criados concessionários específicos para as condutoras do sexo feminino adquirirem os seus veículos longe dos olhares masculinos.

As primeiras 10 cartas de condução foram emitidas no início de Junho – há mais 2.000 à espera –, tudo para que hoje as primeiras condutoras fossem para a estrada e a Arábia Saudita deixasse de ser o país mais atrasado no que respeita aos direitos das mulheres. Mas atenção, se o rei Salman bin Abdulaziz publicou uma lei que permite às senhoras comprar carro e até conduzi-lo, para que tal aconteça, elas continuam a ter consentimento do guardião, o nome que se dá ao homem responsável pela mulher em causa, seja ele pai, irmão ou marido. Portanto, se os sauditas revelaram alguma abertura, foi apenas isso: alguma.

Quem aproveitou na totalidade a possibilidade de conduzir foi Aseel Al Hamad, saudita que é igualmente membro da federação local de automobilismo e que representa o país na comissão das mulheres da Federação Internacional do Automóvel. Para celebrar o dia, Aseel rumou ao autódromo mais próximo e, com o apoio da Jaguar, deliciou-se aos comandos de um F-Type.

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A jovem árabe que “adora carros desde miúda” e conduz há muito veículos de competição, mas não no seu próprio país, declarou:  “Hoje é um dia particularmente emotivo para mim e uma excelente forma de comemorar o World Driving Day.” E para marcar o momento, Aseel Al Hamad pede que as pessoas – não necessariamente mulheres – por esse mundo fora “partilhem as suas primeiras experiências ao volante, com o #worlddrivingday”.

E para chamar ainda mais à atenção para a conquista das mulheres sauditas, Aseel foi convidada pela Renault para conduzir um F1 durante o Grande Prémio que se realizou em França, neste fim-de-semana. A piloto saudita deu uma série de voltas ao circuito de Paul Ricard com um fórmula de 2012, experiência que certamente irá repetir no último GP do ano, que realiza a 25 de Novembro e bem próximo de casa, em Abu Dhabi.

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