A TAP era, antes da privatização parcial, uma empresa “onde os bancos se revezavam, para meter lá dinheiro” e onde entrar num avião da frota que existia era como um “regresso aos anos 70”. Quem o diz é David Neeleman, líder do consórcio de acionistas que detém 45% da transportadora (o Estado tem 50% e os trabalhadores os restantes 5%), numa entrevista dada à Business Insider, uma publicação norte-americana dedicada à área da economia.

O site noticioso conclui que Neeleman quer fazer de Portugal a porta de entrada para a Europa — mas, aí, nas palavras do próprio empresário, há uma “boa notícia” e uma “má notícia”: “a boa notícia para Portugal é que está à entrada da Europa, a má notícia é que Portugal está longe da Europa“.

David Neeleman defende que “Portugal está muito bem posicionado para ser um hub para receber pessoas na Europa. Está apenas a 3.300 milhas de Nova Iorque. Não há outra cidade grande no continente europeu que esteja mais perto do que está Lisboa”. Daí a aposta nos mercados na América do Norte e América do Sul, para destinos na Europa e África, ao mesmo tempo que se promove iniciativas como o Stopover, para encorajar turistas a passar até cinco dias em Portugal.

A ideia de transformar Lisboa numa hub europeia está na base da estratégia de Neeleman e de Antonoaldo Neves, o presidente-executivo, explicou o empresário à Business Insider. Ao mesmo tempo, Neeleman garante que no topo das prioridades está o equilíbrio financeiro da empresa, que acumulou prejuízos e dívida ao longo de uma década e voltou, em 2017, a ter resultados positivos (100 milhões de euros).

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“A forma como a transportadora aérea se financiava dantes, basicamente, passava por ter os bancos a revezarem-se a meter dinheiro na companhia”, aponta Neeleman. “E porque não havia capital para comprar aviões novos, a frota estava muito envelhecida. Parecia que estávamos a voar nos anos 70, naqueles aviões“, dizia David Neeleman, salientando, porém, que o serviço ao cliente e a estrutura de manutenção tinham um bom desempenho.

O investimento de 900 milhões de dólares do consórcio Atlantic Gateway permitiu resolver compromissos financeiros e “investir na compra de 71 novos aviões à Airbus”. O plano da TAP, até ao próximo ano, é ter toda a frota composta pelos novos Airbus A330neo e, também, aviões Airbus da geração atual comprados usados mas com interiores recondicionados.

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