O ranking divulgado esta terça-feira pela Thomson Reuters Foundation coloca a Índia como o país mais perigoso do mundo para as mulheres. Na lista estão ainda mais oito países da Ásia, Médio Oriente e África. Os EUA surgem em décimo lugar e são o único país ocidental.

Entre os parâmetros avaliados estão os cuidados de saúde, discriminação, tradições culturais, violência sexual, violência não sexual e tráfico humano. O estudo pediu a 548 especialistas que identificassem os cinco piores países  do mundo em casa categoria.

O documento afirma ainda que um terço das mulheres em todo o mundo é vítima de algum tipo de abuso físico ou sexual durante a sua vida e que 750 milhões de mulheres casam antes dos 18 anos.

A Thomson Reuters Foundation tinha realizado um estudo semelhante em 2011. Na altura, Afeganistão, República Democrática do Congo, Paquistão, Índia e Somália foram considerados os países mais perigosos.

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Índia

A Índia foi considerada o país mais perigoso em três dos parâmetros (tradições culturais, violência sexual e tráfico humano). O tema da violência contra as mulheres é um tema muito debatido desde 2012, quando uma estudante universitária foi agredida sexualmente e assassinada. Este caso levou a aprovação de nova legislação que agravou as penas para este tipo de crimes. Ainda assim, o National Crime Records Bureau estima que sejam reportados às autoridades 100 casos por dia. Nos últimos meses os protestos têm sido recorrentes na sequência de novos casos que envolveram menores em abril e maio.

Afeganistão

O Afeganistão ocupava o top do ranking em 2011. Agora em segundo lugar, foi ainda considerada o país mais perigoso em três dos parâmetros (cuidados de saúde, discriminação e violência não sexual) .

Síria

Em guerra desde 2011, o país foi considerado o país mais perigoso do mundo. Em termos de perigo para as mulheres, é o segundo mais perigoso em duas categorias (cuidados de saúde e violência não sexual).

Somália

As Nações Unidas estimam que 6,2 milhões dos habitantes da Somália necessitam de ajuda humanitária devido à guerra e à seca. Em termos de perigo para as mulheres, o país foi considerado o terceiro mais perigoso em duas categorias (cuidados de saúde e tradições culturais).

Arábia Saudita

O governo conservador deste país foi considerado o segundo pior no mundo em termos de práticas discriminatórias contra as mulheres. Ainda assim, surgiram nos últimos anos alguns sinais de mudança. Este domingo foi um dia histórico para a igualdade de género no país. Pela primeira vez as mulheres puderam conduzir.

Paquistão

Mulheres paquistanesas muçulmanas em momento de oração na primeira sexta-feira do Ramadão.

O World Bank estima que uma em cada três mulheres seja vítima de violência física pelos maridos. Os grupos de direitos humanos afirmam que centenas de mulheres e raparigas são mortas anualmente por ofensas contra a “honra” da família por familiares, nomeadamente por confraternizarem com homens.

República Democrática do Congo

Em guerra desde 2011, estima-se que 5 milhões de refugiados tenham já deixado o país. O Congo foi considerada o segundo país mais perigoso em termos de violência sexual contra as mulheres.

Iémen

Em abril, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou a crise humanitária no Iémen como a pior do mundo. Estima-se que três quartos da população (cerca de 22 milhões de pessoas) necessitem de ajuda humanitária com urgência. Como consequência, o país foi considerado o quarto mais perigoso em dois parâmetros (cuidados de saúde e violência não sexual) e o quinto noutro (discriminação).

Nigéria

O país mais populoso de África foi considerado o quarto país mais perigoso em termos de tráfico humano. Casos de tortura, violência sexual e assassinatos de civis por militares são frequentemente denunciadas por grupos de direitos humanos.

Estados Unidos da América

Os EUA são o único país ocidental a entrar para o ranking. Esta classificação surge como resultado da campanha #MeToo se ter tornado viral em outubro do ano passado, quando o New York Times e a New Yorker divulgaram uma série de denúncias de mulheres da indústria cinematográfica que acusavam o produtor Harvey Weinstein de assédio e abusos sexuais que tinham silenciados durante décadas.