O ministro da Saúde afirmou esta terça-feira que o número de consultas de oftalmologia aumentou nos últimos anos, mas reconheceu que o Serviço Nacional de Saúde tem de aumentar a capacidade de resposta para atender principalmente à população idosa.

“Temos uma população muito envelhecida, temos uma população que carece muito do acesso nomeadamente a consultas de oftalmologia, temos de ter mais capacidade resolutiva dentro do próprio sistema e temos que encontrar, quando não a temos, respostas para esses cidadãos”, disse Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas, a propósito da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, que entra esta terça-feira em discussão pública.

Os especialistas defendem na estratégia que, apesar do crescimento do número de consultas, a rede nacional de cuidados de saúde da visão, assente nos serviços de oftalmologia da estrutura hospitalar do Serviço Nacional de Saúde, tem “importantes insuficiências e constrangimentos”.

A Comissão responsável pela Estratégia Nacional para a Saúde da Visão sugere a criação de uma plataforma de cuidados primários para a saúde visual e defende um forte investimento e um alargamento estruturado da oferta a este nível. “O alargamento e a estruturação da base de oferta de cuidados de saúde visual ao nível dos cuidados de saúde primários terão de ser um alicerce de toda a rede oftalmológica nacional”, refere.

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Adalberto Campos Fernandes disse que acompanha as recomendações da estratégia e que já estão a ser desenvolvidas medidas. “Identificamo-nos com as recomendações que são feitas na estratégia, estamos a fazê-las, aumentámos significativamente ao nível da criança os rastreios de saúde visual nos centros de saúde, introduzimos em todos os ACES a função de saúde visual, mas a população envelhecida é a que carece mais”, disse o ministro à margem do III congresso do SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, que decorre até quarta-feira em Lisboa.

O ministro da Saúde disse ainda que o relatório de 2017 sobre o acesso às consultas de oftalmologia veio provar que o Serviço Nacional de Saúde “está a responder muito bem, melhor do que estava em 2016 e em 2015”. “Falamos de 1,7%” do total dos cerca de 12.175.000 consultas hospitalares que são realizadas “e o ano passado foi o recorde absoluto de acesso”, disse Adalberto Campos Fernandes, esperando que em 2019, “não tendo os problemas todos resolvidos, possam haver “melhores resultados e melhores respostas”.

Em 2015 foram realizadas, no âmbito do SNS, 1.026.618 consultas de Oftalmologia, e, em 2017, 1.032.686 consultas, mais 0,6%. “Esta variação positiva, verificada nos últimos dois anos, a manterem-se a atual estrutura e os atuais recursos, terá uma margem de crescimento a tender para zero”, lê-se no documento.

Refere ainda que “o desempenho cirúrgico dos serviços de Oftalmologia, revela um esforço ainda mais notório da parte dos serviços, como fica demonstrado pela variação muito positiva nos últimos anos”, tendo aumentado de 152.617 cirurgias em 2015, para 181.464 em 2017 (18,9%), um aumento que, contudo, “parece difícil de manter sem prejuízo das outras atividades hospitalares”.

“Apesar do excelente desempenho dos serviços de Oftalmologia do SNS, sustentado pelos números apresentados, a rede revela insuficiências crónicas materializadas no elevado número de pedidos de consultas pendentes e nos tempos de espera para essas consultas”, sublinha o documento.