Dezassete estados norte-americanos, incluindo Nova Iorque e Califórnia, processaram esta terça-feira a administração Trump para obrigar à reunião familiar dos milhares de crianças imigrantes que foram separadas dos pais na fronteira. Os estados argumentam que a ordem executiva de 20 de junho nega aos imigrantes um tratamento apropriado e o direito de procurar asilo.

A notícia surge numa altura em que aumenta a pressão sobre a Casa Branca para voltar a reunir estas famílias: As autoridades têm 2.047 crianças que foram retiradas aos pais no âmbito da “tolerância zero” aos imigrantes ilegais, segundo informações avançadas terça-feira pelo secretário da Saúde dos Estados Unidos. Em relação à passada quarta-feira, dia em que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que iria suspender a medida, houve apenas uma redução de seis crianças sob custódia dos serviços de saúde.

“Cruel, clara e simples” foram os adjetivos usados pelo procurador-geral de Nova Jersey, Gurbir Grewal, para classificar a atuação do governo sobre estes casos. “Não nos podemos esquecer: as vidas de pessoas reais estão em jogo”, afirmou o responsável em declarações à Associated Press.

Além de separarem as famílias que são apanhadas a tentar atravessar ilegalmente a fronteira, há vários relatos de crianças que são enviadas para lugares que ficam a milhares de quilómetros de distância dos seus pais.

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Entre os estados que decidiram processar Trump estão Massachusetts, Delaware, Iowa, Illinois, Maryland, Minnesota, Nova Jersey, Novo México, Carolina do Norte, Oregon, Pennsylvania, Rhode Island, Vermont e Virgínia e o distrito de Colúmbia. Os estados, todos liderados por procuradores-gerais democratas, juntaram-se a Washington, para avançar com uma ação judicial, argumentando que estão a ser forçados a arcar com o aumento dos custos de assistência social, educação e serviços sociais. A ação judicial declara ainda a prática de separação das famílias como anticonstitucional.

Alguns grupos de ativistas pelos direitos de imigração também já pediram a um juiz federal de Los Angeles que ordenasse a libertação imediata dos pais e a reunião das famílias. Entretanto, um juiz da Califórnia, Dana Sabraw, ordenou que todas as famílias separadas na fronteira devem ser reunidas num prazo de 30 dias. No caso das crianças com menos de cinco anos o prazo é de 14 dias.

Donald Trump anunciou na passada quarta-feira a suspensão da sua política de “tolerância zero”, mas parece ser uma decisão temporária, tendo em conta as declarações do comissário da Proteção das Fronteiras e Alfândegas, Kevin McAleenan, que esta semana reconheceu que as autoridades tinham abandonado, “por agora”, a medida.  Também o secretário da Justiça, Jeff Sessions, veio defender a separação das famílias, durante um discurso no Estado do Nevada, no qual afirmou que muitas crianças são trazidas para a fronteira por membros de gangues violentos.

Numa conferência de imprensa no Brasil na passada terça-feira, o vice-presidente Mike Pence advertiu os imigrantes sem documentos para não tentarem entrar nos EUA. “Se não podem vir legalmente, não venham de todo”, afirmou. Pence pediu ainda para que os imigrantes para não arriscarem as suas vidas e das crianças a tentar entrar no paí por rotas de contrabando de droga e tráfico humano, numa mensagem que afirmou ser “diretamente do coração”.