O juiz tinha acabado de aplicar-lhe a medida de coação de prisão preventiva, depois de esta segunda-feira ter sido presente a tribunal para o primeiro interrogatório, em Sintra, por crimes de roubo com violência no distrito de Lisboa. Quando estava a ser conduzido para a cela, onde deveria esperar para que fosse formalizada a ordem para ser levado para Caxias, pediu para ir à casa de banho. E fugiu à PSP.

O agente da esquadra da PSP da Amadora estava sozinho com o homem de 27 anos, no piso inferior do Tribunal de Sintra. Num momento de descontração, sentiu apenas empurrão. Caiu e já nem conseguiu reagir a tempo de evitar uma fuga que só terminaria 24 horas mais tarde, a 20 quilómetros de distância e com uma perseguição pelas ruas de Queluz.

Na tarde de segunda-feira, quem estava no tribunal ainda conseguiu assistir a parte do episódio, através das janelas do edifício viradas para a estação da CP da Portela de Sintra. Depois de empurrar o agente da PSP, o homem encontrou forma de subir ao andar térreo do tribunal e alcançar a porta de saída. Pelo caminho, ainda se embrulhou com um elemento de segurança privada que ali costuma estar colocado.

A cena seguinte pareceu caricata a quem assistiu: para escapar, o fugitivo atirou-se pelo morro que separa o Tribunal de Sintra da estrada principal, vários metros lá mais abaixo. Aos tombos, rebolando por cima das plantas, o homem lá desceu o terreno. Depois, correu o mais rápido que conseguia durante cerca de 500 metros, direito à estação. Entrou no comboio que partia naquele momento para Lisboa e desapareceu.

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Fugitivo destrói carro para fugir à Polícia

O episódio deixou um incómodo mal disfarçado na PSP. E não apenas pelo facto de um agente daquela Polícia ter deixado escapar um homem que estava sob sua responsabilidade e a quem tinha acabado de ser aplicada prisão preventiva. É que as regras ditam que, nos casos em que se cumpram ordens judiciais para apresentação em tribunal, devem estar sempre presentes, pelo menos, dois elementos da PSP. Não foi o caso.

Fast forward de 24 horas, até à tarde de terça-feira. Uma “dica anónima”, descreve ao Observador fonte ligada ao processo, dá à PSP a posição do fugitivo: Queluz. Rapidamente, três homens da Esquadra de Investigação Criminal de Sintra entram no carro “à paisana” e seguem para o ponto indicado. Confirmava-se. Era ele, só tinham de apanhá-lo de surpresa e estava cumprida a missão.

Mas, no momento em que saem do carro, o homem apercebe-se da presença dos agentes e começa a correr. É perseguido por algumas ruas até que um dos agentes consegue alcançá-lo. Resiste, consegue soltar-se e volta a escapar.

Nova corrida, mas desta vez bastante mais curta. Alguns metros à frente, é o próprio fugitivo quem esbarra contra um carro que passava por uma das principais avenidas de Queluz, frente à estação de comboios.

O condutor ficou sem reação, o vidro do carro ficou estilhaçado, o retrovisor preso por um fio, mas o homem era finalmente detido. Entretanto, já voltou a ser presente a tribunal. Mas, desta vez, no Tribunal da Amadora. E foi acompanhado pela equipa da PSP de Sintra que conseguiu detê-lo depois da fuga. Vai mesmo ficar em prisão preventiva enquanto espera pelo julgamento por roubo.

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