O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, disse esta quarta-feira suspeitar que um grupo ligado à ex-primeira dama Grace Mugabe terá estado por detrás do ataque de sábado contra o seu comício, que teria como objetivo matá-lo.
O ataque no final do comício de Mnangagwa, em Bulawayo, foi o primeiro ato grave de violência do atual período eleitoral, tendo provocado a morte de dois seguranças do Presidente e ferido cerca de 40 pessoas.
Em declarações à BBC, Mnangagwa disse suspeitar que o ataque foi perpetrado pelo grupo G40, que apoiou a candidatura de Grace Mugabe à Presidência do Zimbabué, embora não tenha acusado diretamente a mulher do antigo Presidente.
Robert Mugabe foi afastado do poder no ano passado, depois de as forças armadas terem intervindo para impedir Grace Mugabe de suceder ao marido na liderança do país. O partido Zanu-PF, no poder, afastou então Mugabe e substituiu-o por Mnangagwa.
Um membro do grupo G40 no exílio, o ex-ministro Jonathan Moyo, negou as acusações de Mnangagwa e escreveu no Twitter que a explosão “parece um trabalho interno”.
11/24 The bomb tragedy smacks of an inside job, over "internally unresolved leadership contestation". Charamba who speaks more for Chiwenga than for Mnangagwa, said as much; stating that the target was more the electoral process than Mnangagwa who apparently wanted a poll delay! pic.twitter.com/2KgQYef5j0
— Prof Jonathan Moyo (@ProfJNMoyo) June 26, 2018
O ex-governante refere-se a uma aparente luta pelo poder entre Mnangagwa e o seu “número dois”, Constantino Chiwenga, o antigo chefe do exército que afastou Mugabe do poder.
Mnangagwa disse ainda à BBC que espera que haja detenções em breve, relacionadas com o ataque de sábado, no Zimambué, país vizinho de Moçambique. “Não sei se foi um indivíduo – diria que é mais vasto do que uma pessoa. Eu penso que foi um ato político por algumas pessoas magoadas”, disse.
Apesar da aparente tentativa de homicídio, Mnangagwa disse que não haverá uma repressão securitária a nível nacional e que as eleições, previstas para 30 de julho, se manterão e serão justas e livres.