“Sicário-Guerra de Cartéis”

Denis Villeneuve já não realiza esta continuação de “Sicário-Infiltrado”, e a personagem de Emily Blunt saiu de cena, cumprida que foi a sua função narrativa. Mas Stefano Solima (“Suburra”, “Gomorra”) está confortável e seguro no lugar de Villeneuve, filmando com autoridade e energia, Taylor Sheridan mantém-se a assinar o argumento, Josh Brolin e Benicio del Toro repetem as suas personagens, os cartéis mexicanos da droga continuam desumanos e impiedosos. tendo agora trocado de negócio (da cocaína para o tráfico de emigrantes ilegais), o governo americano combate-os  da mesma forma pragmática, amoral e indiferente aos danos colaterais, a violência continua a ser a língua franca de ambos os lados em conflito e a contagem de corpos segue alta. Única diferença de “Sicário-Guerra de Cartéis” em relação ao filme original: a réstea de humanidade e o misto de ética profissional e revolta pessoal reveladas respectivamente pelas personagens de del Toro e Brolin, que nos deixa muito curiosos sobre a direcção que a próxima fita irá tomar.

Mary Shelley”

Filha de intelectuais radicais, mulher do poeta romântico Percy Bysshe Shelley, autora, entre outras obras, dos clássicos da literatura fantástica e de ficção científica “Frankenstein” e “O Último Homem”, e feminista “avant la lettre”, Mary Shelley merecia bem melhor em termos de biografia cinematográfica do que este filme de juntar os pontinhos, insípido e diligentemente “pedagógico”, realizado pela saudita Haifaa Al-Mansour (“O Sonho de Wadjda”), que leva o seu nome no título. Ao menos, é interpretada por Elle Fanning, muito mais bonita do que a verdadeira Mary Shelley e que está razoavelmente á vontade com o sotaque inglês. “Mary Shelley” poderá ser útil a quem tem apenas uma vaga ideia de quem ela foi, mas não tem absolutamente nada de novo ou de revelador para quem conhece a personagem, os momentos mais importantes da sua vida familiar e sentimental, e o contexto cultural e literário em que se movimentou e escreveu. E é cinema feito em jeito de televisão arrumadinha.

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“The Incredibles 2: Os Super-Heróis”

Catorze anos depois do primeiro filme, os Parr, a família de super-heróis criada por Brad Bird na Pixar, estão de volta. Desta vez, enquanto Helen, a Mulher-Elástica, faz lóbi no terreno pelo regresso à legalidade dos super-heróis, com a ajuda de dois irmãos multimilionários e criadores de alta tecnologia. Bob, o Sr. Incrível, tem que ficar em casa a cuidar do bebé Jack-Jack, da filha adolescente Violet e do miúdo Dash.  O realizador resisitiu, felizmente, à tentação de fazer desta continuação o equivalente, em animação por computador, de um dos filmes de super-heróis da Marvel ou da DC, todo ele gigantismo barulhento, exibicionista, pretensioso e oco, e assim, esta parte 2 mantém intactas todas as qualidades que transformaram o original num dos títulos cimeiros da animação da Pixar sob a égide da Disney. “The Incredibles 2: Os Super-Heróis” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.