“Querido Rafael Nadal, não mate as nossas memórias”: é assim que termina a carta escrita em espanhol e enviada ao tenista Rafael Nadal por um grupo de cidadãos lisboetas. O pedido, feito pelo Fórum Cidadania Lx, surge depois de se ter sabido que a célebre Pastelaria Suíça, no Rossio, vai fechar portas a 31 de agosto.

Os cidadãos relembram a importância daquele estabelecimento para Lisboa na carta que foi enviada tanto à Mabel Capital — o fundo de investimento que comprou o conjunto de prédios onde a pastelaria se situa, liderado por Abel Matutes Prats e Manuel Campos Guallar e que conta com a participação (minoritária) do tenista espanhol — como também à Fundação Rafael Nadal. E explicam que o Rossio “precisa realmente de uma boa mudança”, mas que esta tem de ser feita “com gosto apurado, com sensibilidade à cultura local, perspicácia em manter o nosso património histórico e arquitetónico, não adulterando ou descaracterizando nada por respeito à história do lugar.”

A célebre pastelaria Suíça, em Lisboa, vai fechar

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Na missiva fazem ainda referência a outras lojas e cafés históricos como é o caso da Pérola do Rossio, a Casa da Sorte, a Joalharia Portugal ou a antiga Casa do Bacalhau, estabelecimentos com os quais as pessoas têm uma “profunda relação de afetividade”. E lembram que a história destas casas “é tão importante” que “não há ninguém em Lisboa que não saiba onde é o ‘Quarteirão da Suíça'”.

“Todas estas lojas têm um grande valor para o investimento de Rafael Nadal em Lisboa, se essa (a salvaguarda destas lojas) for a sua decisão. Estamos certos daquilo que escrevemos”, pode ler-se. Depois acrescentam que, se a Suíça for recuperada à imagem daquilo que era nos anos 60 e 70, “será o espaço ideal para o futuro hotel de Nadal em Lisboa, uma referência da qual este necessita”.

Há dois anos, os proprietários do estabelecimento foram informados de que o contrato de arrendamento não seria renovado. Na altura, candidataram-se à classificação de Lojas com História, mas depois perceberam que não seria viável continuarem com o negócio — nomeadamente devido às obras nas fachadas do edifício, mas também devido à feroz concorrência que se faz sentir por esta altura, tal como explicou o proprietário Fausto Roxo ao Observador.

A carta enviada pelo Fórum Cidadania Lx pode ser lida na íntegra aqui.

A pastelaria Suíça chegou a ter 200 empregados. Agora “os turistas são muitos, mas consomem pouco”