O CDS-PP está a preparar o programa eleitoral para 2019 e Adolfo Mesquita Nunes, dirigente centrista, avançou ao Público que o pacote de propostas irá incluir um novo “enquadramento laboral” a pensar na economia digital e no trabalho independente, tentando “responder ao trabalho precário”.

O vice-presidente do CDS-PP adianta que o programa em preparação irá “deixar claro que o CDS pode perceber os riscos mas, também, as oportunidades” da economia global, pelo que o objetivo é “preparar o país para a mudança”, não esquecendo quem pode “sofrer” com os riscos.

Há que “definir novos modelos de apoio social e formas de transição para as novas realidades”, para os mais vulneráveis, e também é preciso pensar nos setores “mais dinâmicos” e “garantir a liberdade económica para que possam vencer em Portugal e captar investimento estrangeiro”. A outra prioridade é o sistema de ensino, que será “estruturado” a pensar na nova economia digital.

O CDS elege como como prioridade acabar com o “crescimento débil” que há várias décadas assola o país. Sem um crescimento “robusto”, não faz sentido comparar o Estado social que existe, por exemplo, os países escandinavos, porque esses “dependem do modelo de crescimento robusto”.

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O nosso nível desenvolvimento é muito baixo, não creio que a questão passe tanto por erro do modelo de Estado Social, mas por um problema de modelo de crescimento que é muito débil e não acompanha o Estado Social”.

Adolfo Mesquita Nunes salienta, por exemplo, que mesmo na economia digital moderna “as carreiras contributivas continuam a ser pensadas para trabalhadores de emprego fixo de longa duração”. “É preciso não deixar sem proteção os trabalhadores independentes nem continuarem os abusos em relação aos precários e ao trabalho a termo certo, abusos que são o resultado da desregulação”, defende.

O programa do CDS, que está a ser preparado por um grupo constituído no Congresso de Março e que reúne com diversas pessoas, a maioria independentes, mas também militantes e antigos governantes, quer apresentar propostas para tornar o país mais atrativo para o investimento estrangeiro — o que não é fácil, diz Adolfo Mesquita Nunes, porque estamos “num país que não consegue sequer legislar sobre a Uber”.