O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá questionado, em agosto de 2017, os seus conselheiros sobre a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, revelou esta quarta-feira a agência Associated Press.

Trump terá colocado a hipótese em cima da mesa na Sala Oval da Casa Branca, depois de uma reunião que servia para discutir as sanções a serem impostas à Venezuela, que atravessa graves problemas a nível económico e político.

“Com a rápida desvalorização da Venezuela a ameaçar a segurança da região, porque é que os Estados Unidos não podem simplesmente invadir este país conturbado?”, questionou o presidente, citado por um alto funcionário da administração norte-americana.

A questão terá apanhado de surpresa os funcionários presentes na reunião. O general H.R. McMaster tentou explicar a Donald Trump de que forma é que uma invasão militar poderia originar o risco da perda de apoio dos latino-americanos na punição do presidente Nicolas Maduro, por ter levado a Venezuela pelo caminho da ditadura.

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Apesar de Trump não ter dado nenhuma garantia de que iria seguir por este caminho, o presidente norte-americano apontou casos de invasões dos Estados Unidos que foram bem-sucedidas, como o caso do Panamá e Granada nos anos 80.

No entanto, Trump não terá desistido da ideia e, no dia seguinte, voltou a falar sobre uma “opção militar” para tirar Maduro do poder. “Temos muitas opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar, se necessário”, disse.

A fonte anónima citada pela AP revelou ainda que, passado um mês depois da reunião, e na Assembleia Geral da ONU, Trump voltou a abordar a questão durante um jantar privado com os líderes de quatro países latino-americanos aliados aos Estados Unidos, mesmo tendo sido avisado especificamente para não o fazer.

“A minha equipa disse-me para não dizer isto”, afirmou Trump, perguntando depois aos outros líderes da mesa se eles tinham certeza de que não queriam uma solução militar para a Venezuela. A fonte citada pela AP referiu que todos os líderes presentes negaram essa possível opção.

Esta quarta-feira, Maduro citou a AP e reafirmou a sua reinvindicação de que os Estados Unidos têm projetos militares na Venezuela e nas suas vastas reservas de petróleo. Durante uma cerimónia de promoção militar em Caracas, o presidente venezuelano pediu às tropas para permanecerem vigilantes, criticando a “visão supremacista e criminosa daqueles que governam os EUA”.”Uma intervenção militar por parte do império dos EUA nunca será uma solução para os problemas da Venezuela”, concluiu.