Continua a corrida contra o tempo para resgatar as 12 crianças e o treinador de futebol que estão presos numa gruta na Tailândia. Ou melhor, uma “corrida contra a água”, como sublinhou o governador da província de Chiang Rai, Narongsak Osotthanakorn. E, como se a situação não fosse complexa o suficiente, esta quinta-feira chegaram más notícias: um grupo de voluntários, que não fazia parte das equipas de resgate, pode ter prejudicado as operações.

De acordo com o Bangkok Post, estes voluntários bombearam água novamente para dentro da gruta, fazendo com que esta voltasse a ficar parcialmente inundada. “Podiam acreditar que a sua técnica era eficaz para drenar a água, mas tudo o que esteja fora do plano tem de ser debatido connosco primeiro”, argumentou o governador.

O grupo foi encontrado há três dias, depois de estar nove dias desaparecido, e desde então que se tem bombeado água para fora da caverna. O Bangkok Post não refere até que ponto este imprevisto, causado pelo grupo de voluntários, pôs em causa a evolução dos trabalhos, mas as autoridades continuam com os trabalhos e, esta manhã, o nível da água estava a descer mais de um centímetro por hora.

O jornal inglês The Guardian dá conta de que as equipas de resgate acreditam que os jovens podem sair sem terem de recorrer a equipamento de mergulho. Para isso, é preciso retirar água suficiente do trajeto entre a câmara onde o grupo está preso e a superfície — cerca de quatro quilómetros — até ao início da época das chuvas fortes, que começa em junho e só termina em outubro. O ministro do Interior tailandês já veio dizer que se prevê chuva para os próximos dias. “Pedi ao departamento de meteorologia para verificar as previsões meteorológicas e informarem-nos diariamente.”

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Já tinham sido bombeados 128 milhões de litros de água, lê-se na BBC, e quantidade de água tinha sido reduzida em 40%, ‘secando’ cerca de 1,5 quilómetros do percurso — o Bangkok Post não refere a quantidade de água que voltou a entrar com a ação do grupo de voluntários.

“O objetivo é reduzir a água na terceira câmara ao ponto em que não seja preciso usar equipamento de mergulho”, afirmou um responsável pelas equipas de resgate ao Guardian, permitindo ao grupo passar por aquela zona com água pela cintura e a usar apenas coletes salva-vidas.

Ultrapassado este obstáculo, sobram apenas dois quilómetros e meio até à câmara onde se encontram as crianças, com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos, o treinador, de 25, e ainda os sete mergulhadores — entre eles médicos — que estão com o grupo.

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Como esta hipótese de salvamento ainda não está garantida, as crianças têm estado a ter ‘aulas de mergulho’ caso seja necessário resgatá-los desta forma. A verdade é que se as autoridades não conseguirem bombear a água até ao início das chuvas fortes, a gruta pode voltar a encher-se de água rapidamente, deixando o grupo sem possibilidade de comunicação e sem forma de lhes fazer chegar água e comida durante cerca de quatro meses.

Consoante o evoluir da situação, as autoridades também têm de ponderar quando deverão retirar estes elementos das equipas de resgate que se encontram com as crianças e o seu treinador.

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Ainda ontem foi divulgado um vídeo onde é possível ver as crianças, envolvidas em mantas de sobrevivência, a dizer que estão bem de saúde. As autoridades estão a tentar fazer chegar um cabo de fibra-ótica até ao local onde o grupo se encontra para que as crianças possam estar em contacto com as famílias. Mas chegar até eles é um desafio: os mergulhadores demoram cerca de seis horas a fazer o percurso entre a superfície e à câmara onde se encontra o grupo e outras cinco horas a fazer o caminho de regresso.

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Recorde-se outra das hipóteses para resgatar o grupo é escavar uma abertura artificial no cimo da montanha até ao sítio onde o grupo está preso. O Bangkok Post refere que, esta quinta-feira, as autoridades irão tentar localizar o sítio no montanha precisamente para fazer essa abertura.