“O Meu Amigo Pete”

Há toda uma filmografia para consumo juvenil sobre a amizade entre adolescentes e cavalos, e as suas emplogantes aventuras. Apesar do título português o sugerir, “O Meu Amigo Pete” não é um desses filmes. Charlie Plummer interpreta Charley, um rapaz de 15 anos que vive no Oregon e perde o pai, e que parte em busca do seu único familiar, uma tia que vive longe, acompanhado de Pete, um cavalo de corrida no fim da linha e ao qual se afeiçoou, roubado ao tratador (Steve Buscemi, sempre bem), que o mandou entregar o animal para ser abatido no México.  O inglês Andrew Haigh filma aqui uma dura e sombria história de desamparo juvenil no cenário tradicional do “western”, mas deixa o filme prolongar-se demasiado e acumular mais palha do que o estábulo de Pete. Quem lhe vale é Charley Plummer no tímido e desprotegido, mas determinado e resistente Charlie, que não permite que deixemos de nos interessar pelo que lhe vai acontecer.

“As Filhas de Abril”

“Avó ciumenta e perversa rouba neta à filha menor e seduz o pai do bebé, também menor”. Podia ser a manchete de um qualquer tablóide sensacionalista, mas é a premissa narrativa de “As Filhas de Abril”, do mexicano Michel Franco, interpretado pela espanhola Emma Suárez, a “Julieta” de Pedro Almodóvar. Apesar do estilo “autorista” do realizador, clínico, desprendido e impassível, “As Filhas de Abril” não passa de uma telenovela mexicana condensada em 90 minutos e filmada por Franco como se fosse o émulo latino-americano de Michael Haneke. O Luis Buñuel do período mexicano teria chamado um figo a esta história forçadíssima, tal como Pedro Almodóvar, mas Michel Franco, autor de um muito elogiado “Después de Lucia” e do decepcionante “Chronic”, filmado nos EUA e interpretado por Tim Roth (um dos produtores de “As Filhas de Abril”), não é Buñuel nem Almodóvar, no máximo, um sofrível copista de Haneke.

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“Na Praia de Chesil”

O escritor inglês Ian McEwan adaptou para a tela o livro homónimo de sua autoria nesta fita realizada pelo estreante Dominic Cooke. Estamos em Oxford, em 1962. Edward (Billy Howle) e Florence (Saoirse Ronan) acabaram de se formar, e apesar de não serem do mesmo estrato social, e de terem pais antitéticos (classe média e simpáticos e excêntricos os dele, abastados e snobes os dela) gostam ambos de música (clássica para ela, que até é violinista num quarteto, jazz e blues para ele), apaixonam-se e casam-se. Só que estamos em 1962, fora de um grande centro urbano, numa sociedade cheia de constrangimentos e preconceitos, e escassa de informação em certas áreas, como a da educação sexual. “Na Praia de Chesil” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.