O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Baciro Djá, disse esta sexta-feira que “talvez seja mais sério” que o Presidente do país, José Mário Vaz, com quem debate publicamente o paradeiro de um cheque de cerca de um milhão de dólares.

José Mário Vaz desafiou, numa entrevista no passado mês de junho, Baciro Djá a apresentar provas de que lhe teria devolvido um cheque que lhe dera enquanto primeiro-ministro, em 2016, para construção da avenida em memoria do falecido presidente guineense, João Bernardo “Nino” Vieira. A avenida, que iria ligar a praça dos heróis nacionais à zona industrial de Bolola, nunca foi construída e os dois dirigentes trocam insinuações sobre o paradeiro do dinheiro. Ao proceder ao balanço dos quatro anos na presidência, José Mário Vaz lembrou a Baciro Djá que lhe entregou o cheque na presença da comunicação social e que espera agora que aquele apresente provas da devolução do dinheiro.

O ex-primeiro-ministro esteve esta sexta-feira na Procuradoria-geral da República, onde, disse, ter apresentado provas de que o cheque foi depositado na conta do Tesouro. “O cheque foi depositado no Tesouro Público. Tenho aqui as provas. O Presidente sabe que eu sou um homem sério, talvez muito mais sério que o próprio Presidente da República. Posso confirmar isso. Nunca roubei um euro do Estado da Guiné-Bissau”, afirmou Baciro Djá. O cheque “não é como uma manga que se come e ninguém sabe quem comeu”, observou ainda o antigo primeiro-ministro guineense, para acrescentar que aquele documento deixa traços quando é utilizado

O antigo governante admitiu ter-se deslocado à procuradoria na qualidade de declarante, sem precisar do levantamento da imunidade parlamentar ou de um advogado, frisou. Djá sublinhou estar perante a justiça “como um cidadão simples” que acredita ter condições morais, éticas e políticas para o serviço público. “Convido outros políticos a fazerem o que fiz hoje”, notou Baciro Djá, de 46 anos. O Presidente guineense, José Mário Vaz, está ausente do país numa visita privada em França.

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