Fez do Brasil campeão do mundo de futebol em 2002, levou a Seleção portuguesa à final do Euro 2004 e a seguir protagonizou a maior derrota da história futebolística brasileira ao levar a seleção a perder 7-1 contra a Alemanha em 2014. Agora que os canarinhos procuram a redenção no Campeonato do Mundo da FIFA na Rússia, Luiz Felipe Scolari deu uma entrevista ao El Mundo onde diz que Neymar, a mais recente jóia da coroa brasileira, nunca será como Pelé nem chega ainda aos calcanhares de Cristiano Ronaldo ou de Lionel Messi. Por dois motivos: porque “ninguém vai ser igual” ao Rei do Futebol e porque “ainda lhe falta um ou dois anos” para chegar ao nível dos melhores jogadores da atualidade.

Questionado sobre se é difícil ser Neymar no país que idolatra Pelé, considerado por muitos o melhor futebolista de todos os tempos, Scolari respondeu que não: “No Brasil sabemos diferenciar bem quem é o Neymar, quem é o Pelé ou quem é o Ronaldo. Sabemos que havia apenas um Pelé e que nunca haverá outro. Pode ser muito bom, muito espetacular, mas Pelé? Nunca será como Pelé, porque havia apenas um e ele não tem herdeiro. Ninguém nunca vai ser igual a ele”.

Pelé posa ao lado de Lionel Messi, de Neymar Jr. e de Dani Alves na entrega dos prémios Bola de Ouro em 2012. Créditos: FABRICE COFFRINI / AFP / Getty Images.

Luiz Felipe Scolari acrescentou ainda que Neymar ainda não está sequer ao nível de Cristiano Ronaldo nem de Lionel Messi, mas que é só uma questão de tempo: “Em Barcelona evoluiu muito e quase chegou a esse nível, mas não é uma coisa que acontece de um dia para o outro. Está no caminho certo, mas ainda precisa de tempo. Talvez daqui a um ano ou dois esteja a esse nível”, antevê o ex-tecnico da seleção brasileiro e antigo selecionador português. Mas tece um elogio ao brasileiro do Paris Saint-Germain: “É um grande exemplo de improvisação”.

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Mas essa improvisação pode estar a entrar em extinção, teme Scolari, que condenou o facto de muitas praças em Espanha terem placas que proíbem a prática de futebol nas ruas: “Isso mata o futebol! Os grandes jogadores, aqueles que improvisam e aqueles que rematam, nascem nas ruas, onde se começa a pensar em ser um jogador de futebol. Ainda bem que essas placas não existem no Brasil”, opina. Para ele, Gabriel Jesus, recém-chegado à seleção brasileira, é exemplo disso mesmo: “A rua dá-te liberdade enquanto a academia restringe isso. Na academia aprende-se a ser metódico, organizado e tático. Tudo bem, é importante, mas os jogadores que improvisam também são necessários. Gabriel Jesus é um bom exemplo. Ele cresceu na rua e depois evoluiu no Palmeiras, onde aprendeu a ser taticamente equilibrado e a jogar sem bola, mas continuou a fazer todas as coisas que aprendeu na rua”.

Há 4 anos, Gabriel Jesus pintava as ruas de verde e amarelo. Agora veste a camisola do Brasil

Quatro anos depois de ter treinado a equipa brasileira que perdeu em casa com a Alemanha, Luiz Felipe Scolari conta como é conviver com a pressão de gerir uma das melhores seleções do mundo. Segundo a ele, a pressão é a mesma que os selecionadores de outras equipas nacionais sentem: “Às vezes  tenta-se passar essa pressão para o Brasil por ser o pentacampeão mundial, mas é o mesmo que noutros países. Toda a gente espera ganhar o Campeonato do Mundo”. Mas admite que há diferenças que separam a seleção brasileira das outras: “As virtudes dos jogadores e como eles se comportam nos campeonatos do mundo. Talvez a característica mais marcante seja que os brasileiros sempre se destacaram por terem uma técnica muito refinada, mais do que vemos noutros países”, analisa Scolari.