O novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, recebe esta segunda-feira em Madrid o presidente separatista do Governo catalão, Quim Torra, para tentar reiniciar o diálogo entre as duas partes depois da tentativa independentista do outono passado.

Desde que chegou ao poder há pouco mais de um mês, entre outros com os votos dos partidos independentistas catalães, Sánchez assegurou que uma das suas tarefas principais seria baixar a tensão com a Catalunha, retomar o “diálogo” político interrompido e “normalizar” as relações.

Essa atitude conciliatória concretizou-se, nomeadamente, com a transferência na última semana para prisões catalãs de seis políticos separatistas que aguardam julgamento pelo seu papel na tentativa de independência que culminou em 27 de outubro passado com a intervenção de Madrid na região.

Apesar desta oferta de diálogo, a posição do Governo central socialista tem sido a de continuar a defender a unidade de Espanha e recusar propostas que não respeitem a Constituição do País.

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“O direito à autodeterminação não está previsto na nossa Constituição”, voltou a dizer na sexta-feira a ministra Porta-voz do executivo central, Isabel Celáa.

Por seu lado, o novo presidente do Governo regional (Generalitat), Quim Torra, não se cansa de defender abertamente a independência da Catalunha.

Torra afirmou na última quinta-feira que o seu objetivo para a reunião de segunda-feira era o de “saber qual era o projeto socialista sobre o direito à autodeterminação dos catalães”.

Entretanto, o Governo espanhol anunciou na sexta-feira que vai apresentar um recurso no Tribunal Constitucional para impugnar uma moção aprovada no parlamento catalão em que se reafirmam “os objetivos políticos” de avançar até à independência da Catalunha.

Madrid avança com esta decisão por considerar que essa moção põe em causa várias sentenças do Tribunal Constitucional e do Estatuto de Autonomia da Catalunha e pretende defender a legalidade da Constituição espanhola.

O governo separatista catalão liderado por Carles Puigdemont organizou em 01 de outubro de 2017 um referendo sobre a autodeterminação da Catalunha que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional.

Os separatistas não aceitam essa interpretação sobre a consulta popular que consideram terem vencido com uma elevada maioria, depois de os partidos unionistas terem apelado ao seu boicote.

O Governo central decidiu intervir diretamente na região no final de outubro de 2017 e organizou eleições regionais em 23 de dezembro do mesmo ano que voltaram a ser ganhas pelos partidos independentistas que continuam a insistir na autodeterminação da região.

O Partido Socialista Operário Espanhol, agora no Governo, sempre apoiou todas as decisões relacionadas com a Catalunha tomadas pelo anterior executivo do Partido Popular (direita).

Pedro Sánchez tornou-se primeiro-ministro depois de o PSOE (Partido Socialista) ter aprovado no parlamento, em 01 de junho último, uma moção de censura contra o executivo do Partido Popular (direita) com o apoio do Unidos Podemos (extrema-esquerda) e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.