A Conferência Episcopal da Nicarágua, mediadora do diálogo nacional, decidiu suspender as mesas de trabalho criadas para superar a crise no país, depois de um grupo pró-governo ter agredido, na segunda-feira, vários padres católicos.

Os bispos tinham marcado para o início desta semana o reinício do diálogo, mas novos confrontos registados no fim de semana e o ataque a um grupo de padres na cidade de Diriamba, a cerca de 40 quilómetros de Manágua, na segunda-feira, fez adiar novamente os dois grupos de trabalho, noticiou a agência espanhola EFE.

Na segunda-feira, partidários do governo atacaram um grupo de padres católicos, liderados pelo cardeal Leopoldo Brenes, quando tentavam ajudar um grupo de pessoas refugiadas numa igreja.

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O bispo auxiliar de Manágua, Silvio Baez, sofreu cortes num braço quando a delegação chegou à basílica de São Sebastião, em Diriamba, a sul da capital. A Conferência Episcopal da Nicarágua divulgou fotos do braço ferido de Baez, na conta na rede Twitter, e escreveu que gangues pró-governo esperavam para atacar o grupo.

Dezenas de simpatizantes do governo, aos gritos de “assassinos” e a agitar bandeiras da Frente Nacional de Libertação Sandinista (no poder), agrediram a delegação e alguns jornalistas presentes no local. Os equipamentos dos jornalistas foram roubados, indicou a EFE.

Desde 18 de abril que a Nicarágua é palco de manifestações e confrontos violentos que causaram mais de 230 mortos. Os manifestantes acusam o Presidente Daniel Ortega e a mulher e vice-Presidente, Rosario Murillo, de abuso de poder e de corrupção.

Daniel Ortega está no poder desde 2007, após um primeiro mandato de 1979 a 1990.

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