Numa altura em que Theresa May enfrenta uma mini-rebelião dentro do seu próprio governo contra a forma como o Reino Unido abandonaria a União Europeia e a forma que tomaria a futura relação entre os dois blocos, continuam a chegar análises sobre o impacto da decisão de sair da União Europeia e todos apontam para que esta tenha custos nos bolsos dos consumidores britânicos.

De acordo com uma análise publicada nas últimas semanas pela consultora Oliver Wyman, que avaliou o impacto nos preços ao abrigo de cinco cenários diferentes, os consumidores sairiam sempre a perder. Por ano, estes custos poderiam variar entre as 245 libras (277 euros à taxa de câmbio atual) e as 961 libras (1087 euros) para cada família.

A dimensão do aumento dependerá sempre de um conjunto de fatores, que vão desde as taxas aduaneiras (ou ausência delas) que seriam impostas na sequência do abandono do mercado único, do tipo de burocracia que seria criada e no aumento dos custos do trabalho.

O cenário menos gravoso – que contabiliza apenas um aumento moderado na burocracia –, aponta para um aumento de 245 libras (277 euros) nos gastos anuais de uma família, resultado de um aumento de apenas 1% dos preços, consequência do abandono do mercado único.

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No pior dos cenários, a consultora estima que os custos para as famílias possam crescer até 4%, o equivalente a 961 libras (1087 euros), em resultado da aplicação de taxas aduaneiras dentro dos limites da Organização Mundial de Comércio, um aumento significativo na burocracia e também um crescimento dos custos laborais.

O que mais pesa nestes custos é a imposição de taxas aduaneiras, sobre as importações de parte a parte, o que tornaria mais caros os produtos comprados fora do Reino Unido, uma parte do cabaz de compra das famílias difícil de evitar considerando os custos de produção no Reino Unido e os produtos que a economia britânica não produz.

Mesmo para algumas indústrias que o Reino Unido ainda mantém. Por exemplo, o segundo produto que o Reino Unido mais exporta são veículos, cuja produção exige material e componentes produzidos fora do país.

Ao longo dos últimos dois anos houve vários estudos que apontavam para que o Reino Unido sofresse perdas económicas com a decisão tomada nas urnas pelos seus cidadãos de abandonar a União Europeia, mas nem todas se concretizaram, pelo menos na dimensão do impacto previsto.

Parte da razão para a falha nas previsões (por serem previsões já acarretam em si uma margem de erro), é ainda não ser conhecido o modelo deste divórcio e como será a futura relação entre estes dois blocos.

São esses mesmos planos que estão agora a criar divisões no governo britânico. David Davis, o principal negociador do lado britânico para o Brexit, demitiu-se no domingo por estar contra a proposta aprovada pelo governo para o Brexit. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, seguiu as suas pisadas na segunda-feira.