O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção, reafirmou esta terça-feira que será candidato nas eleições de outubro próximo para “recuperar a soberania do povo brasileiro”.

“Você pode ter certeza que vou ser um candidato para, entre outras coisas, recuperar a soberania do povo brasileiro”, escreveu o ex-Presidente numa mensagem divulgada na rede social Facebook.

Lula da Silva disse que está “muito triste” com a situação do país, acusando o Presidente Michel Temer, no poder desde meados de 2016, após a destituição de Dilma Rousseff, de estar a promover a venda do património público, referindo-se aos projetos de privatização anunciados pelo Governo. “É muito triste que parte do património público, construído com muito sacrifício pelo povo brasileiro a partir da metade do século XX, esteja sendo vendido de forma irresponsável, a preço de banana, para encobrir a ilegitimidade de um golpista”, acrescentou o ex-presidente na mesma mensagem.

O principal líder do Partido dos Trabalhadores (PT), que fundou em 1980 com um grupo de trabalhadores e intelectuais, não fez nenhuma menção à batalha judicial entre juízes que ocorreu no último domingo em torno da sua libertação da prisão.

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No último domingo, o juiz Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4), concedeu a Lula da Silva um ‘habeas corpus’ pedido por um grupo de deputados do PT, e ordenou a libertação imediata. No entanto, o juiz federal Sergio Moro, que analisa os casos de corrupção da Petrobras em primeira instância e que condenou Lula da Silva no ano passado, questionou a competência do colega e apelou ao instrutor do caso no TRF4, o juiz Joao Gebran Neto.

Gebran Neto revogou a libertação do ex-presidente, mas, logo após esta decisão o juiz Rogério Favreto voltou a determinar a libertação de Lula da Silva. A controvérsia só foi resolvida quando o presidente TRF4, Carlos Thompson Flores, manteve o ex-Presidente brasileiro preso.

A presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, denunciou uma “conspiração” do sistema judicial para impedir a libertação de Lula da Silva e impedir que este seja candidato nas eleições que se realizarão a 7 de outubro. Lula da Silva “estava praticamente na porta” da prisão e uma “conspiração” da polícia e da Justiça impediu-o de sair, disse Gleisi Hoffmann, que reiterou que o partido vai inserir o nome de Lula da Silva como candidato para as próximas eleições presidenciais.

No entanto, a candidatura do ex-presidente, que acumula um total de sete processos criminais na Justiça, a maioria por suposta prática de corrupção, e que ao mesmo tempo lidera as sondagens de intenção de voto, parece inviável. Em causa está o facto de a lei eleitoral brasileira proibir que os condenados em segunda instância possam candidatar-se a ocupar qualquer cargo eletivo. Lula da Silva já foi condenado em duas instâncias da Justiça brasileira.

A justiça eleitoral do país, porém, só pode pronunciar-se sobre a situação de Lula da Silva se o seu nome for avançado oficialmente até 15 de agosto, quando termina o prazo para o registo das candidaturas. Gleisi Hoffmann anunciou que até esse dia, o PT vai aumentar as manifestações em todo o país para defender a inocência do líder e exigir a sua libertação.