Há poucas coisas certas no futebol, mas uma delas é que, qualquer que seja o ranking, a probabilidade de Cristiano Ronaldo estar no topo é muito elevada. A confirmação da transferência de CR7 do Real Madrid para a Juventus abriu mais uma liderança para o avançado português: aos 33 anos, é o ‘trintão’ mais caro da história do futebol. Curiosamente, a Itália, país que vai acolher o craque madeirense, tem uma especial propensão para os jogadores veteranos; na lista dos dez mais caros, sete mudaram-se para emblemas transalpinos. Mas não percamos tempo e vamos à lista:

Cristiano Ronaldo (Juventus): 100 milhões de euros

Ronaldo a festejar a quinta Liga dos Campeões da carreira, no mesmo dia em que deu início à ‘novela’ que conduziria à sua saída do Real Madrid. (Gonzalo Arroyo Moreno/Getty Images)

É, sem margem para dúvidas, o número 1 desta lista, com uma diferença de mais do dobro dos milhões pagos pelo Milan, em julho de 2017, para contratar Leo Bonucci (que, puxamos já a ponta do véu, é o segundo classificado neste ranking). Puxando o filme atrás, a novela da transferência de Ronaldo começou em maio deste ano, em Kiev, depois de levantar a quinta Liga dos Campeões da carreira (a quarta pelo Real Madrid). Ainda no relvado do Estádio Olímpico, o craque português abriu a porta de saída do Santiago Bernabéu. “Foi muito bonito estar no Real Madrid”.

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Era clara a rutura de Ronaldo com Madrid. Abria-se um ciclo novo para o avançado madeirense e o próprio clube merengue viu-se na necessidade de facilitar um futuro negócio: a cláusula proibitiva de mil milhões de euros foi consideravelmente reduzida (apenas Barcelona e PSG, considerados rivais diretos, não foram abrangidos pelas benesses) e a Juventus ganhou a dianteira da corrida.

Leonardo Bonucci (Milan): 42 milhões de euros

Leo Bonucci foi contratado pelo Milan à Juventus, na sequência dos desentendimentos com o técnico Massimiliano Allegri. (Emilio Andreoli/Getty Images)

A Juventus foi, precisamente, o clube de onde saiu Leo Bonucci, em julho de 2017, com 30 anos. O defesa central era um dos ídolos da vecchia signora, mas nunca foi muito ‘à bola’ com o técnico Massimiliano Allegri. O clube chegou mesmo a multar o jogador depois de um bate-boca com o treinador num jogo com o Palermo e relatos do balneário dizem que a quezília quase chegou a vias de facto. O central chegou a ficar no banco na receção do FC Porto à Juve na última edição da Liga dos Campeões (derrota por 2-0 da equipa portuguesa).

Resultado: Bonucci pediu para sair, sete épocas e 319 jogos depois, regressando assim a Milão (o central tinha vestido a camisola do Inter entre 2005 e 2007).

Radja Nainggolan (Inter): 38 milhões de euros

Nainggolan abandonou a Roma neste defeso e rumou ao Inter por 38 milhões de euros (MIGUEL MEDINA/AFP/Getty Images)

Foi já neste defeso que ficou completo o top-3 dos ‘trintões’ mais caros de sempre, com a transferência de Radja Nainggolan, aos 30 anos, para o Inter, depois de cinco temporadas (uma delas de empréstimo) na Roma. Continuamos, por isso, em Itália.

Quando a transferência já era assunto na imprensa internacional, o próprio médio confirmou que estava de saída da capital italiana, mas por decisão do clube. “Vou sempre guardar no coração as cores giallorossi e os adeptos, mas foi a Roma que me quis dispensar. Deixo a Roma depois de ter dado tudo nestas épocas maravilhosas”, disse na altura o jogador, que vai reencontrar Luciano Spalleti, com quem trabalhou na Roma, em 2016. 38 milhões de euros foi quanto custou a mudança de ares.

Gabriel Batistuta (Roma): 36,15 milhões

Batistuta trocou a Fiorentina pela Roma e contribuiu para a conquista do campeonato pelo clube giallorossi, 17 anos depois. (GABRIEL BOUYS/AFP/Getty Images)

Ainda não é desta que saímos de Itália: a quarta transferência mais cara de ‘trintões’ pertence a Gabriel Batistuta — ‘Batigol’ para o mundo do futebol. Dono de uma cabeleira farta e de uma canhota mortal, o avançado argentino passou os melhores anos no país transalpino e fez história na Fiorentina, camisola que vestiu durante nove temporadas (jogando na mesma equipa do português Rui Costa).

Foram 332 jogos e 202 golos em Florença, mas apenas com um título de relevo a registar: uma Taça de Itália, conquistada na época de 1995/96. O avançado queria mais e, aos 31 anos, forçou a ida para a Roma, a troco de 36,15 milhões. Na capital italiana fez história: contribuiu para a conquista do campeonato italiano em 2000/01, 17 anos depois.

Anthony Modeste (Tianjin Quanjian): 29 milhões de euros

Anthony Modeste foi um dos muitos jogadores a rumar à China e hoje veste as cores do Tianjin Quanjian. (Lintao Zhang/Getty Images)

O Tianjin Quanjian tinha acabado de ser promovido à Super Liga Chinesa e Fabio Cannavaro, o técnico, pediu um avançado em julho de 2017. O eleito foi Anthony Modeste, que alinhava então na Bundesliga, pelo Colónia. As negociações foram longas, o clube alemão chegou a garantir que o jogador não se mudaria para a China, mas a realidade foi outra.

Aos 29 anos, Modeste foi emprestado ao emblema asiático — a transferência a título definitivo aconteceu um ano depois, por 29 milhões de euros. Para trás, o avançado deixou um percurso de 73 jogos e 45 golos pelo Colónia, terminando a última temporada de Bundesliga como terceiro melhor marcador (25 remates certeiros), apenas atrás de Pierre-Emerick Aubameyang (31 golos) e de Robert Lewandowski (30).

Samuel Eto’o (Anzhi): 27 milhões de euros

Samuel Eto’o foi contratado pelo Anzhi ao Inter e era, em 2011, o futebolista mais caro do mundo. (Mike Kireev/Epsilon/Getty Images)

O negócio foi apresentado com pompa e circunstância no verão de 2011. O Anzhi, então quarto classificado do campeonato russo, tinha chegado a acordo com o Inter para a transferência de Samuel Eto’o, então com 30 anos, por 27 milhões de euros. “Transferência milionária”, diziam os títulos dos jornais da época, que sublinhavam outro aspeto: com este negócio, o avançado camaronês ia ganhar 20 milhões de euros por ano, tornando-se o jogador mais bem pago do mundo, à frente de Ronaldo (que recebia 12 milhões) e de Messi (10,5 milhões). Os tempos eram outros…

“A transferência de Eto’o é um acontecimento importante para o Anzhi e para todo o futebol russo. Jogaremos melhor ao ataque e o jogador dará um outro colorido ao nosso campeonato”, afirmou na época o treinador do clube, Gadzhi Gadzhiev, a propósito da contratação do então quatro vezes melhor jogador africano do ano.

Diego Milito (Inter): 25 milhões de euros

Diego Milito treinou sob o comando de José Mourinho e foi decisivo no ‘triplete’ do Inter. (Dino Panato/Getty Images)

O verão de 2009 trouxe outra transferência milionária. O Inter (ainda antes da saída de Ibrahimovic), pagou 25 milhões de euros para a contratação, por quatro épocas, do avançado argentino Diego Milito ao Genoa, depois de apontar 24 golos pelo clube grifoni.

Logo na primeira temporada, sob o comando de José Mourinho, o avançado deixou o nome marcado na história dos nerazzurri ao marcar 30 golos em 52 jogos. Foi, ainda, decisivo para o ‘triplete’ do Inter (ainda hoje o único em Itália): além de marcar nas partidas que permitiram conquistar o campeonato e a Taça de Itália, Diego Milito voltou a rematar de forma de certeira frente ao Bayern Munique, na final da Liga dos Campeões (2-0), que garantiu os três títulos na mesma temporada.

Zlatan Ibrahimovic (PSG): 21 milhões de euros

Em 2012, o PSG já tinha os cofres cheios de dinheiro. Por isso, pôde investir numa equipa de sonho, que tinha Ibrahimovic como principal figura (Alex Livesey/Getty Images)

Eram os primeiros passos do PSG como clube milionário, depois de ter sido comprado por um grupo de investimento do Qatar. O clube parisiense queria formar uma espécie de dream team (equipa de sonho) e, para isso, havia que abrir os cordões à bolsa. Os milhões pareciam tostões e Zlatan Ibrahimovic entrava na lista de compras do clube francês.

No verão de 2012, o avançado sueco, já com 30 anos, assinava por três temporadas, vindo dos italianos do Inter. O salário era generoso: 12 milhões de euros por época. Aliás, um ano mais tarde, já ao serviço do Manchester United, foi questionado sobre aquilo que mais lhe deixava saudades no PSG. Ao seu estilo rebelde, respondeu prontamente: “o salário!”.

Nikola Kalinic (Milan): 20 milhões de euros

Kalinic foi contratado à Fiorentina por 20 milhões de euros para ser colega de ataque do português André Silva no Milan. (Emilio Andreoli/Getty Images)

O avançado croata saiu do convívio com um português (Paulo Sousa, que o treinou na Fiorentina) para o convívio com outro português (André Silva, companheiro de ataque no Milan). Tudo aconteceu em agosto de 2017, numa altura em que o clube toscano fez um forte investimento no plantel — Kalinic foi o 11.º reforço de verão.

O ponta de lança chegou com a marca de 20 golos em 39 jogos com a camisola da Fiorentina e já tinha feito das suas ao Inter no passado: em 2015, balançou as redes por três vezes na goleada por 4-1 ao futuro clube, em pleno San Siro. Pergaminhos que acabaram por desencadear o investimento rossoneri no jogador de 30 anos: 20 milhões de euros.

Blaise Matuidi (Juventus): 20 milhões de euros

Matuidi conquistou o campeonato ao serviço da Juventus, na primeira experiência fora de França (ANDREAS SOLARO/AFP/Getty Images)

Este top-10 acaba como começou: com a Juventus na jogada. Isto porque o décimo ‘trintão’ mais caro da história vai ser colega de Cristiano Ronaldo na vecchia signora. O médio mudou-se no verão passado, aos 30 anos, depois de sete temporadas no Paris Saint-Germain, onde fez 295 jogos (apontando 33 golos) e onde conquistou quatro campeonatos, quatro Taças da Liga e três Taças de França.

O jogador gaulês (que na Juve viveu a primeira experiência fora do país natal) era um desejo antigo de Massimiliano Allegri e, ao mesmo tempo, uma das maneiras que o PSG encontrou para fazer algum encaixe e equilibrar as contas depois dos (escandalosos) 222 milhões de euros pagos por Neymar.