Desde a entrevista à Visão, em que disse que ia abandonar o PSD e eventualmente formar um partido novo, já para as europeias de 2019, pouco ou nada se adiantou sobre o futuro de Pedro Santana Lopes. Quem está com ele, que contactos fez, se vai mesmo desfiliar-se do seu PPD/PSD, que partido novo vai ser esse. Ou se é apenas mais uma das ameaças do enfant terrible. Esta quinta-feira, contudo, foi anunciado que Santana Lopes estaria como orador convidado numa conferência de um novo movimento, acabado de surgir, chamado Movimento Europa e Liberdade (MEL): seria esta a base do seu novo partido? “Nem pensei nisso, só vim cá como orador”, limitou-se a responder quando questionado sobre se iria aderir ao dito movimento.

A sala, no MAAT, em Lisboa, não tinha mais de 20 pessoas, com Santana Lopes e Adolfo Mesquita Nunes, dirigente do CDS, à cabeça, na qualidade de oradores convidados. Aos jornalistas, um dos subscritores do movimento Jorge Marrão, explicou em linhas gerais os objetivos da iniciativa: “Trata-se de um manifesto, que começou com 74 subscritores, que surge da vontade de dialogar com a sociedade civil como um todo, e com a sociedade política”, que inclui independentes mas também políticos que estão ou estiveram no ativo.

Na página de Facebook, lê-se que se trata de um “projeto que pretende o envolvimento de todos aqueles que estão inquietos com o futuro de Portugal, com a queda do rendimento das famílias, com a captura do Estado por negócios ou interesses particulares, com a nossa participação na Europa e com a Liberdade”. A ideia é, nas palavras de Jorge Marrão, combater o facto de “o sistema político ter criado um bloqueio ao crescimento económico”. Quanto à ideia de vir a tornar-se um partido, desvaloriza: “Quem quiser fazer um partido faz fora do movimento”, disse, acrescentando com um sorriso que “parece que há quem queira”. Ao seu lado estava precisamente Santana Lopes, que foi convidado como orador porque tem “uma visão mais rebelde da política” e “a política precisa de alguma rebeldia”.

Mas nem Santana quis falar de novos partidos, embora tenha admitido os “bloqueios” que existem no sistema político. Numa curta declaração aos jornalistas à entrada daquela que foi a primeira reunião do chamado “MEL”, à porta fechada, Santana Lopes disse que existia “alguma cristalização no funcionamento do sistema político e das instituições”, pelo que havia “uma grande necessidade de arejamento, modernização, novas ideias, novas atitudes”. “Furar bloqueios, furar dogmas, faz muita falta nos tempos atuais”, defendeu.

E mais não quis dizer. Questionado sobre se ponderava aderir ao MEL, respondeu apenas: “nunca pensei nisso, só vim cá como orador”. E estava com pressa, a olhar para o relógio, que já passava largamente das 18h30, hora marcada para o início da conversa.

O ex-dirigente do PSD José Miguel Júdice, o antigo assessor político dos ex-Presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, Joaquim Aguiar, o deputado e antigo adjunto de Pedro Passos Coelho, Miguel Morgado, e o dirigente do CDS Francisco Mendes da Silva são alguns dos subscritores do manifesto.

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