Black Rebel Motorcycle Club

18h25, palco NOS

O auge dos Black Rebel Motorcycle Club foi no início do século, quando a banda californiana apareceu com o seu primeiro disco, B.R.M.C., em 2001. O impacto do álbum de estreia, que incluía a canção “Whatever Happened to My Rock ‘n’ Roll (Punk Song)”, foi difícil de bater e, dos oito editados, é o que mais resistiu à passagem do tempo, com o seu garage rock de afiado nervo punk. Os dois álbuns seguintes, Take Them On, On Your Own (de 2003) e Howl (de 2005), ainda motivaram algum interesse, mas os últimos cinco trouxeram poucas novidades e pouco somaram ao catálogo da banda. Entre estes está Wrong Creatures, lançado já este ano, que foi mais um disco a passar relativamente despercebido ao público e à crítica. Se a banda perdeu relevância nos últimos anos, porque é que merece ser vista? Porque ao vivo o trio continua dinâmico, capaz de oferecer bons espetáculos rock. E um bom concerto rock de volume elevado é um bom concerto rock de volume elevado.

Eels

19h, palco Sagres

Projeto liderado por Mark Oliver Everett, também conhecido por Mr. E, um grande apaixonado pela música e pelo cancioneiro americano (de Neil Young, de Bob Dylan, de Leonard Cohen), os Eels têm tido um percurso algo errante desde os anos 1990, com várias mudanças na formação da banda e discos ora bem recebidos ora bastante criticados. O parceiro mais antigo de Mr. E na banda é Kool G Murder (o da barba à ZZ Top), que mesmo assim não é fundador. Dúvidas houvessem, fica claro que os Eels são uma espécie de banda pessoal de Mark Everett, que este vai gerindo e encaminhando para diferentes rumos musicais sem pedir grande licença. Autor de um dos discos mais pungentes dos anos 1990, Electro-Schock Blues, de 1998, Mr. E editou este ano um disco curioso com os Eels, The Deconstruction. É difícil adivinhar o que será um concerto dos Eels em 2018 (como é que o imprevisível Everett acordará neste dia?) mas ele tem vontade de voltar a este país, como dizia ao Observador em abril: “Por alguma razão não vamos aí vezes suficientes. Adorámos sempre que fomos.” O alinhamento deverá ser eclético, indo das canções mais rock da banda às baladas folk-rock. Sempre com grande classe.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Yo La Tengo

20h25, palco Sagres

São uma das bandas de referência do indie-rock das últimas décadas e os seus fãs costumam dizer que não fazem discos maus. Ainda assim, a sucessão de álbuns Painful (de 1993), Electr-o-Pura (de 1995), I Can Hear the Heart Beating as One (de 1997) e And Then Nothing Turned Itself Inside-Out (de 2000) é das mais espantosas deste género musical. A veterana banda de Hoboken, Nova Jérsia, está nas antípodas dos The Kooks (que começam a tocar 35 minutos antes, no palco principal). Não faz música de estrutura pop e refrão fácil e, em particular nos concertos que se seguiram à edição do último álbum, There’s a Riot Going On, lançado este ano, envereda por longas viagens instrumentais. As melodias e os momentos cantados vão pontuando a exploração sonhadora das guitarras, dos baixos e teclados. Nerdices à parte, são uma grande banda. A não perder.

The National

21h20, palco NOS

São os senhores do rock. Haver uma banda adulta que escreve de forma adulta sobre problemas de adultos não é assim tão habitual quanto se poderia imaginar no mundo das guitarras e outros instrumentos elétricos. Recheada de melancolia mas de tom poético, versando sobre as relações, a perda, a passagem do tempo e os altos e baixos da vida, sem ingenuidade mas com alguma catarse, a música dos The National conquistou em definitivo o mundo em 2005 e 2007, anos de lançamento dos discos Alligator e Boxer. Álbuns tremendos, tão tremendos que os sucessores ficaram uns bons furos abaixo (como não ficariam?). Ao contrário do que uma interpretação mais literal das letras de Matt Berninger poderia surgir, não aconteceu desgraça nenhuma, os The National lidaram razoavelmente bem com a passagem do tempo e evolução do mundo (pelo menos no que à música diz respeito), não acabaram, mantiveram-se relativamente populares e vieram cada vez mais a Portugal. Contando já com o concerto no NOS Alive, são cinco atuações nos últimos seis anos. E, se nada de anormal acontecer, no final da noite de 13 de julho poderemos continuar a dizer que valeu a pena, que vale sempre a pena.

Queens of the Stone Age

23h05, palco NOS

Se os The National são os senhores (melancólicos) do rock e os Yo La Tengo uns rebeldes suaves anti-establishment, os Queens of the Stone Age são abrasivos e pesados, os rufias de garagem que tocam tão alto quanto possível. Ou pelo menos era assim até Villans, o sétimo disco da banda, editado no ano passado, produzido pelo “mago da pop” Mark Ronson e que trouxe um tom mais ligeiro e eletrónico à sonoridade do grupo. Ausente de Portugal há quatro anos, depois de um último concerto no Rock in Rio Lisboa, a banda de Josh Homme e companhia regressa agora depois de um disco muito menos unânime e elogiado do que os anteriores. Ainda assim, nos últimos concertos o grupo tem aliado aos grandes sucessos (“No One Knows”, “Go With the Flow”, “Little Sister” e “Make It Wit Chu”) mais de uma mão cheia de temas novos, dos quais se destaca a dançável “The Way You Used To Do”. Ao vivo, a banda consegue aliar diferentes registos e soar a máquina bem oleada, pelo que dificilmente o concerto será mau. Pode é não ser tão bom quanto os anteriores.

Sango / Surma

23h50, palco Clubbing / 0h30, Coreto

Depois do concerto dos Queens of the Stone Age, assistir às atuações de Sango e Surma é uma boa opção, embora seja impossível fazê-lo na totalidade, dado o horário algo coincidente dos espetáculos. São duas possíveis revelações do NOS Alive, já que são músicos em ascensão, com trabalhos recentes de grande qualidade mas que estão ainda a encontrar os seus públicos. Sango é um DJ e produtor musical norte-americano e é um dos grandes destaques da noite programada pelo português João Barbosa (Branko) no palco Clubbing, que inclui ainda uma atuação em parceria do DJ e produtor Rastronaut com o ilustrador Aka Corleone (entre outras sessões). Depois de um primeiro álbum de 2013 e múltiplos EP editados nos últimos anos, Sango lançou um segundo disco este ano que confirmou todo o seu potencial. In the Comfort Of é um álbum de requintadas batidas instrumentais, dançáveis e pouco retilíneas, de hip hop, R&B e música eletrónica, abrilhantadas por samples [excertos de temas alheios] cantados e pela participação de rappers e cantores como Jesse Boykins III, Xavier Omär e James Vincent McMorrow. Já Surma é o nome artístico da jovem leiriense Débora Umbelino, cujo primeiro álbum, Antwerpen, está recheado de temas de pop experimental que a consolidaram no universo indie. Surma tem vindo a apresentar o álbum em Portugal e em festivais internacionais como o South By Southwest e o Iceland Airwaves.

Branko

1h20, palco Clubbing

Já é relativamente consensual que Branko (João Barbosa), antigo membro dos extintos Buraka Som Sistema, é um dos mais importantes nomes da música de dança portuguesa deste século. Apesar de a solo ter editado apenas um álbum, Club Atlas, Branko tem funcionado como executivo, criativo e impulsionador de uma indústria (a música de dança nacional) que está em franco crescimento. Só nos últimos tempos, apresentou-se como embaixador deste movimento na final do Festival Eurovisão da Canção, gravou uma série documental para a RTP sobre a música que se ouve hoje nas ruas de várias cidades mundiais (de Paris a Bombaim e Goa, passando por São Paulo, Montreal, Lima, Acra, Praia e, é claro, Lisboa), prosseguiu o dinamismo da sua editora Enchufada criando sessões semanais na discoteca B.Leza (intituladas Na Surra) e continua a expandir a sua música. O conceito tem a sua fórmula, misturar e reinventar os ritmos musicais dos países lusófonos, mas Branko aplica-a com invulgar personalidade. No NOS Alive, o DJ e produtor musical prepara um espetáculo especial, com vários convidados, o que pode justificar perder o concerto dos Future Islands no palco Sagres (da 1h em diante). Dino D’Santiago, Rincon Sapiência e Miles from Kinshasa estão já confirmados, mas não seria surpreendente se artistas como Sara Tavares, Mayra Andrade, Cachupa Psicadélica e Plutonio, por exemplo, se juntassem também a Branko em palco.

Palco NOS: 17h Kaleo || 18h25 Black Rebel Motorcycle Club || 19h50 The Kooks || 21h20 The National || 23h05 Queens of the Stone Age || 1h30 Two Door Cinema Club

Palco Sagres: 17h Sound Bullet || 17h50 Japandroids || 19h Eels || 20h25 Yo La Tengo || 22h Portugal. The Man || 23h30 Rags ‘N’ Bone Man || 1h Future Islands || 2h45 CHVRCHES

Palco NOS Clubbing: 17h XXIII || 18h Na Surra || 19h15 Populous || 20h15 Kokoko! || 22h35 Rastronaut + Aka Corleone || 23h50 Sango || 1h20 Branko || 2h40 DJ Lag

EDP Fado Café: 17h30 + 189h25 Teresinha Landeiro || 20h50 + 22h35 Buba || 0h You Should Be Dancing

Coreto by Arruada: 17h30 Isabel Nóbrega || 18h40 Secret Show || 20h Beatriz Pessoa || 21h25 Bernardo || 23h Minta & The Brook Trout || 0h30 Surma

Palco Comédia: 18h Miguel Lambertini || 19h25 Bruno Henriques || 20h50 Rui Cruz || 22h35 Simon Day || 0h50 Kalashnikov

Pórtico NOS Alive: 15h + 16h15 Road || 17h30 + 18h45 Trio Cadmira || 20h Catxibi