Chegaram há cerca de um mês a Portugal para trabalhar na agricultura, na zona da Guarda, mas no final do mês foram informados de que o seu ordenado seria retido para pagar a viagem da Bulgária para Portugal. Os dois cidadãos búlgaros, que dizem ter sido enganados no contrato de trabalho, estão há dois dias e duas noites no aeroporto de Lisboa e só querem regressar ao seu país. Mas não têm um único euro no bolso para regressar e a PSP não está a conseguir encontrar-lhes uma alternativa.

A dormir num banco do aeroporto de Lisboa, os dois rapazes de 22 e 25 anos já conseguiram comer porque os elementos da PSP que ali trabalham lhes pagaram as refeições. Mas não sabem mais o que fazer. Ao Observador, uma fonte policial explicou este sábado que a embaixada da Bulgária disse não ser sua a responsabilidade sobre os dois rapazes, enquanto na linha Nacional de Emergência Social lhes foi dito que a Santa Casa da Misericórdia só podia intervir por intermédio daquela representação diplomática.

O Observador contactou com a embaixada e explicou o caso, mas a chamada acabou interrompida. Após insistência, o telemóvel tocou, mas nunca mais alguém atendeu. Já a Linha de Emergência Social não presta informações sobre casos concretos, mas o assistente que falou ao Observador garantiu que a intervenção não tem que ser por indicação ou intermédio de outro organismo. “Qualquer pessoa pode pedir ajuda”, disse.

Os polícias no aeroporto que abordaram os dois búlgaros no aeroporto por estranharem da sua presença ali conseguiram comunicar através do tradutor da Google. Acabaram depois por encontrar uma funcionária da TAP que falava a língua da dupla e que conseguiu saber mais pormenores. Segundo a descrição feita ao Observador, os dois rapazes estão aparentemente descuidados e as operadoras também recusam transportá-los assim. “É um caso social que parece que ninguém quer resolver”, disse uma fonte policial ao Observador.

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Os dois rapazes estão a dormir num banco no aeroporto há duas noites na esperança que alguém lhes encontre uma solução. Dizem que entraram em Portugal há cerca de um mês, por intermédio de um amigo, para trabalharem na agricultura na zona da Guarda. Mas como chegaram ao final do mês e nada receberam, sentiram-se explorados e enganados e preferiram vir embora. Neste momento só querem regressar à sua terra natal. Só não sabem como.

Cidadão anónimo ofereceu-se para pagar a viagem depois de notícia

A dupla de búlgaros acabou por ser levada na noite de sábado do aeroporto, já depois dos contactos do Observador e da publicação da notícia. Ainda esta manhã de domingo, um cidadão deslocou-se à esquadra da PSP do aeroporto oferecendo-se para pagar as viagens. Com uma condição: manter o seu anonimato.

Segundo apurou o Observador, a polícia informou-o de que os dois búlgaros tinham entretanto sido levados por elementos de uma associação com quem a polícia costuma trabalhar. A oferta manteve-se, mas até ao momento ainda ninguém contactou esse cidadão.

(Notícia atualizada às 18h30 de 15 de julho)