Alice in Chains

18h10, palco NOS

Depois do arranque do palco NOS às 17h com os The Last Internationale, irá fazer-se uma viagem ao passado. Os Alice in Chains até vão editar um álbum novo este verão (já se ouvem dois singles, “The One You Know” e “So Far Under”) mas é difícil replicar os anos 1990 nos anos 2010. Vindos da cidade que foi o berço do grunge, Seattle, a banda inspirou e inspirou-se nos Nirvana e Pearl Jam, bebendo da mesma fonte mas acrescentando-lhe uns pozinhos de hard-rock e metal melódico.

Se os cabeludos Alice in Chains não tiveram a longevidade e o impacto dos Pearl Jam (é por isso que uns tocam às 18h10 e outros são cabeças de cartaz) nem o misticismo dos Nirvana (ancorado em grandes canções e na morte trágica de Kurt Cobain), têm um conjunto de canções que farão um público mais velho regressar à juventude durante perto de uma hora. No espanhol Mad Cool Festival, que serviu de antecâmara ao NOS Alive, ouviram-se os hits todos: “Man in the Box”, “Would?”, “Rooster”, por aí fora. Acresce que o concerto foi suficientemente curto para não ser chato e suficientemente longo para não saber a pouco. Para o horário em questão, foram uma escolha ambiciosa e coerente com a do cabeça de cartaz.

Franz Ferdinand

19h35, palco NOS

O mote foi sempre simples: “Fazer música para as raparigas dançarem”. É esse o lema que os Franz Ferdinand seguem desde que em 2004 viraram o rock britânico do avesso com “Take Me Out”, “Darts of Pleasure”, “This Fire” e outros temas de um álbum de estreia que caiu na indústria musical como uma bomba. Se o objetivo se mantém, a fórmula mudou ligeiramente: os riffs endiabrados de guitarra começaram a deixar de ter a predominância de outros tempos na música dos escoceses em 2009, com a edição do álbum Tonight: Franz Ferdinand. Daí para cá a banda viveu algumas indefinições, lançou um quarto álbum, Right Thoughts, Right Words, Right Action, bastante ouvido mas recebido com alguma indiferença (se for tida em conta a popularidade da banda) e voltou este ano aos discos com Always Ascending. Mais eletrónicos, virados mais despudoramente para as pistas de dança, é contudo ao rock que vão buscar os momentos altos dos concertos. E só para ouvir “Take Me Out” ao vivo já vale a pena.

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Jorge Palma

20h35, Palco EDP Fado Café

Como ainda não tínhamos sugerido nenhuma atuação no palco EDP Fado Café, cá vai: às 20h35 do último dia do NOS Alive, Jorge Palma começa a primeira de duas atuações seguidas neste palco. Não é preciso grandes argumentos para justificar a proposta: canções como “Frágil”, “A Gente Vai Continuar”, “Deixa-me Rir”, “Dá-me Lume”, “Jeremias, o fora da lei” e “Estrela do Mar” são indiscutíveis clássicos da pop portuguesa. Jorge Palma só precisa de uma guitarra e da voz para convencer. Soma-se a isso a hora do primeiro concerto, perfeita para assistir a uma atuação por certo descontraída, e temos programa.

Jack White

21h05

O novo disco, o terceiro a solo, foi um tiro nas expetativas dos seguidores de sempre. Jack White contornou todos aqueles que esperavam ouvir em 2018 um Jack White na linha The White Stripes, duo a que pertenceu e que o notabilizou — portanto, um Jack White na linha de Blunderbuss e Lazaretto, os dois discos anteriores a solo — e fez um álbum inclassificável e fragmentado, onde há espaço para tanto som experimental que até o rap (inusitado dada a carreira do músico) aparece. Conservadores, avessos à mudança ou simplesmente perplexos, muitos fãs torceram o nariz mas o disco prova o bom faro de Jack White na procura de novos caminhos e de sons do futuro. Sempre com a atitude do passado, de rocker independente com orgulho.

Dos últimos alinhamentos, “Seven Nation Army” ficou de fora e as visitas ao repertório dos The White Stripes foram de médico. White está centrado no presente, futuro e passado recente e são as suas músicas a solo que mais quer mais mostrar. Essas ainda não são perfeitas — falta ao currículo individual do incrível guitarrista e cantor um conjunto mais apurado de canções a solo — mas têm um rasgo que parece estar em vias de extinção. Dificilmente não darão um bom concerto antes da banda mais aguardada da noite, os Pearl Jam, subir a palco.

Mallu Magalhães

22h15, palco Sagres

Ela convida todo o mundo para a sua festa — exceto quem não presta. O grande single do último álbum da cantora e compositora tornou-se viral em Portugal e no Brasil por causa de um vídeo polémico quando, antes disso, devia ter-se tornado viral por ser uma grande canção. Mallu Magalhães escolheu Lisboa como residência e é cá que está a começar a compor pelo menos parte do sucessor de Vem, o quarto álbum da sua discografia, editado no ano passado. Com uma voz angelical, arranjos em que se ouve o melhor da tradição musical brasileira e atitude de quem já passou de menina bonita da pop a cantora de créditos firmados, Mallu atua no NOS Alive em auge de forma. A acompanhar as melodias açucaradas, o ideal era chinelo no pé e caipirinhas ou águas de coco na mão. Como o verão não está para brincadeiras e a crise ainda não desapareceu em definitivo, talvez os ténis e a cerveja sejam itens mais confiáveis.

Pearl Jam

23h15, palco NOS

Há quem os ame e há quem os ache aborrecidos. O primeiro grupo, porém, é uma congregação tão superior em número de fiéis que os bilhetes para o terceiro dia de NOS Alive esgotaram num ápice. O desespero por um bilhete é enorme e pode mesmo levar gente a pagar fortunas no chamado “mercado negro”.

Ícones dos anos 1990, a diferença dos Pearl Jam para muitos dos que atingiram um estrelato tão absoluto no século passado e mesmo neste é que sobreviveram. Não houve overdoses, suicídios, guerras civis internas ou uma banda dividida pelos egos. Houve e ainda há trabalho, companheirismo e humildade. Pelo menos era isso que se via no documentário Let’s Play Two, exibido em Portugal no ano passado e filmado a propósito do regresso da banda ao estádio Wringley Field, em Chicago, onde joga a equipa de beisebol que Eddie Vedder tem no coração (os Cubs). Se for marketing, anda a ser vendido há mais de 20 anos. Junta-se ao carisma de tipos comuns, anti-vedetas e iguais aos fãs (que, ao seu estilo, Bruce Springsteen também tinha e tem), um grande vocalista e uma banda rock com um faro único para riffs e versos memoráveis e explica-se que os Pearl Jam sejam não uma memória kitsch do rock do passado (como em certa medida os Alice in Chains o são) mas uma das bandas cimeiras do campeonato das guitarras.

Xinobi

2h30, palco NOS Clubbing

A hora é tardia, mas o concerto de Xinobi deve atrair bastantes notívagos ao palco NOS Clubbing. O músico, produtor e DJ português Bruno Cardoso é um dos grandes impulsionadores da editora Discotexas (ao lado de Moullinex, isto é, Luís Clara Gomes) e o seu último disco, On the Quiet, é um tratado de música eletrónica. Com algumas canções inspiradas pela pop (com coros e vozes que convidam à pista de dança), como “Far Away Place” e outras mais inspiradas pela música ambiental, Xinobi transforma-se em palco, oferecendo atuações enérgicas. Quem ali se dirigir não terá desculpa musical para não dançar madrugada fora.