O presidente do PSD considerou esta segunda-feira o caso do desaparecimento de armas de Tancos como um “problema grave, político e de segurança nacional” e uma questão de Estado, não excluindo a possibilidade de uma comissão parlamentar de inquérito.

“O PSD irá amanhã [terça-feira] no parlamento confrontar o senhor ministro da Defesa Nacional com estas questões no sentido de ver, de uma vez por todas, se consegue ter pelo menos uma história minimamente coerente, porque aquilo que nós sabemos não é coerente, não bate certo”, afirmou Rui Rio à margem da tomada de posse do novo presidente do PSD/Porto, Alberto Machado.

O social-democrata disse que o PSD vai confrontar o ministro Azeredo Lopes, porque o caso de Tancos é um “problema efetivamente grave, um problema político grave e um problema grave em termos de segurança nacional”, não sendo “minimamente aceitável” que durante este tempo todo nem o Governo de António Costa saiba bem aquilo que aconteceu.

“Devemos ter um esclarecimento cabal sobre isto e, também, em sede de investigação, porque há ali um choque entre a Polícia Judiciária e a Polícia Judiciária Militar, algo que também não é saudável em termos de investigação nessa matéria”, frisou.

O semanário Expresso noticiou no passado sábado, que “ainda há explosivos e granadas por recuperar do assalto aos paióis” em junho do ano passado, e que, segundo uma exposição do Ministério Público referida pelo Tribunal da Relação de Lisboa, em acórdãos decididos em março e maio deste ano, “a existência de armamento subtraído à instituição militar que se encontra na posse de desconhecidos representa um perigo para a segurança interna”.

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Questionado sobre uma eventual comissão parlamentar de inquérito, Rui Rio salientou “não gostar de banalizar” instrumentos que são “muito importantes”, mas admitiu que não exclui essa possibilidade neste caso.

 “Neste caso concreto não excluo, mas só depois de o ministro falar e de se explicar e de estarmos ainda mais dentro do assunto é que podemos ter uma posição sobre isto. Tenho muito respeito pelas comissões de inquérito, algumas não funcionam muito bem como sabemos, mas acho que devemos usá-las com parcimónia, mas não excluo que possa ser usada num dossiê como este”, afirmou.

Reafirmando que o caso de Tancos é uma “questão de Estado e grave”, o líder social-democrata sustentou que “mais grave se torna” quando, ao fim de todo este tempo, ainda não se sabe bem o que aconteceu e se tenha dito que foi tudo recuperado e agora se verifique que não foi assim.

“É uma confusão e pode ser grave para a segurança nacional, vamos ver o que o ministro é capaz de explicar ou não na comissão”, ressalvou. Rui Rio vincou que o PSD vai ter uma “atitude forte”, porque a “novela não se pode arrastar assim tanto tempo”.

No domingo, o Ministério da Defesa afirmou que cabe ao Ministério Público dar esclarecimentos sobre a investigação a Tancos, concordando com o Presidente da República de que esta não pode ser prejudicada por qualquer questão entre as entidades policiais envolvidas.

“Relativamente à informação vinda a público sobre alegadas discrepâncias entre entidades policiais que investigam o furto de material militar em Tancos, recorda-se, mais uma vez, que o processo de investigação, em segredo de justiça, é dirigido pelo Ministério Público”, refere um comunicado de três pontos emitido pelo Ministério da Defesa.

“Os esclarecimentos sobre o andamento da investigação, que todos aguardamos, só podem, portanto, ser prestados pelo Ministério Público”, acrescenta esta nota de imprensa.