Os sete netos do ditador espanhol Francisco Franco ameaçaram acusar o Governo espanhol de profanação de túmulos, caso decida avançar com a exumação do corpo do ditador, que está desde 1975 no Vale dos Caídos — um complexo a 40 quilómetros de Madrid idealizado e mandado construir pelo próprio Franco para homenagear os mortos da Guerra Civil espanhola –, noticia o jornal El Mundo.
O ditador está enterrado ao lado do fundador do partido fascista Falange, José António Primo de Rivera, e de 37 mil vítimas da Guerra Civil. Foi depois de uma ordem de Franco que os restos mortais destas vítimas foram transferidos para o Vale dos Caídos. O complexo foi inaugurado em 1959 e transformado num monumento nacional que exaltava a ditadura franquista.
Na base da iniciativa do partido socialista espanhol (PSOE) em retirar o cadáver de Franco do Vale dos Caídos, está a vontade de transformar o complexo num “espaço para a cultura da reconciliação, a memória coletiva democrática e a dignificação e reconhecimento das vítimas da guerra civil e da ditadura”, explicou Pedro Sánchez, o secretário-geral do PSOE que agora ocupa o cargo de presidente do Governo, depois de uma moção de censura que afastou Mariano Rajoy.
A intenção foi vista como uma declaração de guerra aos Franco. A família do antigo ditador negou ter feito qualquer acordo com o Governo para exumar o corpo, ao contrário daquilo que foi garantido por uma fonte do Executivo ao jornal El Mundo. A mesma fonte confirmou que os familiares não se opunham à exumação do cadáver, acrescentando que faltava apenas “definir os detalhes”, como se podia ler na notícia publicada esta quarta-feira.
O primeiro-ministro espanhol anunciou esta terça-feira, durante um debate parlamentar que convocou para explicar o programa de Governo, que a exumação dos restos mortais de Franco seria feita “em breve, num muito breve espaço de tempo”.
Primeiro-ministro espanhol garante para breve exumação do corpo do ditador Franco