O petróleo exportado por Angola rendeu aos cofres do Estado, em seis meses, o equivalente a 5.000 milhões de euros, mais de 60% da previsão governamental para 2018 e quase tanto como em todo o ano de 2017.

A informação resulta de uma análise da agência Lusa a vários relatórios do Ministério das Finanças sobre as receitas com a venda de petróleo, que em seis meses de 2018 já totalizam 273.875.036 de barris exportados. No Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, o Governo angolano inscreveu uma previsão de exportar, em todo o ano, 620 milhões de barris de petróleo, pelo que até junho essa meta está a menos de 45%.

Em termos de receitas fiscais, em meio ano, o Estado angolano encaixou 1,470 biliões de kwanzas (5.000 milhões de euros, à taxa de câmbio atual). Contudo, este resultado é influenciado pela depreciação do kwanza, em 37%, face ao euro, desde janeiro.

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Em todo o ano de 2016, as receitas fiscais com a exportação petrolífera renderam aos cofres de Angola 1,3 biliões de kwanzas e em 2017 pouco mais de 1,6 biliões de kwanzas, devido à quebra na cotação internacional do barril de crude.

Para todo o ano de 2018, o Governo angolano inscreveu no OGE uma previsão de encaixar 2,4 biliões de kwanzas (8.150 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) com as receitas fiscais provenientes da exportação de petróleo, pelo que até junho já ultrapassou os 60% dessa meta.

No total, Angola vendeu entre janeiro e junho deste ano quase 18.500 milhões de dólares (15.930 milhões de euros) em petróleo. O Governo angolano estabeleceu o preço de referência de 50 dólares por barril de petróleo para elaborar o OGE para 2018, quando o valor no mercado internacional tem estado acima dos 60 dólares, desde o início do ano.

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Até junho, Angola registou o preço médio por barril exportado de 67,80 dólares, o mais alto desde 2015.

De acordo com dados dos relatórios mensais do Ministério das Finanças sobre as receitas com a venda de petróleo, entre janeiro e dezembro de 2017 Angola exportou 595.604.870 barris de crude, quando o Governo estipulou no OGE uma previsão de 664,6 milhões de barris.

O acordo entre os países produtores de petróleo, com vista a reduzir a produção para provocar o aumento da cotação do barril de crude, acabou por influenciar este resultado, com a quebra no volume do petróleo garantido por Angola.

Já em termos de receitas fiscais com a venda de petróleo, o Governo angolano previa angariar 9.100 milhões de euros, tendo garantido 8.670 milhões de euros em 12 meses, pelo que também falhou a meta orçamentada, por cerca de 400 milhões de euros.