O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) afirmou esta sexta-feira que cerca de 140 mil deslocados sírios continuam no sudeste do país e necessitam de um corredor humanitário para fugir aos combates na região de Deraa. O porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, assinalou na conferência de imprensa da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra que estas pessoas precisam de “assistência humanitária imediata, proteção e refúgio”.

Segundo Mahecic, a este problema acrescentam-se as “dezenas de milhares” de deslocados internos que voltam para os locais que originalmente tinham sido obrigados a abandonar, resultado dos acordos locais em áreas atualmente sob controlo do Governo sírio.

No primeiro semestre de 2018, quase 13.000 refugiados sírios de países vizinhos e outros 750.000 deslocados internos regressaram às suas casas em Alepo, Homs, Hama, Damasco e na zona rural de Damasco, bem como no sudoeste e nordeste do país, indicou o porta-voz, acrescentando que em 2017 regressaram 77.000 refugiados sírios e 764.000 deslocados.

“No país ainda existem áreas envolvidas em violência e conflito. Vigiamos a situação nas zonas a que temos acesso e onde instalámos centros de ajuda aos regressados”, assegurou Mahecic. O ACNUR, segundo o porta-voz, tomou nota do anúncio feito na quarta-feira pela Síria e Rússia, sobre a instalação de um centro de ajuda no país árabe para todos os refugiados retornados, e disse que estava disposto a abordar este plano com as autoridades.

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“Os refugiados têm sempre o direito a regressar, mas qualquer plano que pretenda facilitar esse direito deverá ajustar-se aos padrões internacionais, o que implica que os retornos sejam voluntários e tenham lugar num ambiente seguro e sob condições dignas, a fim de serem sustentáveis”, sublinhou.

“O essencial é que os refugiados e deslocados não sejam pressionados, e que os retornos não sejam precipitados nem prematuros. Estas pessoas devem poder tomar decisões informadas sobre o seu futuro e sobre os elementos básico do regresso” Mahecic enfatizou que em qualquer caso estas pessoas, tal como os 140.000 sírios que permanecem deslocados no sudeste do país, necessitam urgentemente de assistência.

No sudoeste da zona rural de Damasco, um enviado da ONU e da Cruz Vermelha síria conseguiu entrar na segunda-feira, pela primeira vez desde 2013, na aldeia de Beit Jann para fornecer água, alimentos e outros materiais humanitários a 19.500 sírios, segundo a Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).