A mais recente edição do GoldRush Rally, que ligou Boston, no estado de Massachusetts, a Las Vegas, no Nevada, num percurso com cerca de 4.500 km, contou com uma série de participantes, a esmagadora maioria em carros de sonho. Apesar da denominação, não é bem um rali e muito menos uma competição, pelo menos em que a potência ou comportamento dos carros estejam envolvidos, pois além da decoração da máquina mais vibrante, as “corridas” mais populares limitam-se a concursos do tipo miss t-shirt molhada ou a ver quem bebe mais canecas de cerveja num minuto. E sem grandes abusos em matéria de velocidade, pois as autoridades nos EUA têm uma política de tolerância zero para quem ultrapasse, garantindo multas pesadas e tempo de cadeia para os mais optimistas.
Finda a festa, os participantes rumaram a casa e foi aí que começaram os problemas para o condutor de um belo Lamborghini Huracán Performante, pintado num azul forte e ainda com as decorações do GoldRush Rally. Depois de percorrer cerca de 2.500 km, quando parou para atestar (certamente pela enésima vez) nos arredores de Saint Louis, no Missouri, assistiu enquanto pagava à destruição do seu Lamborghini, sem que existisse qualquer explicação para o facto.
Os bombeiros intervieram rapidamente, mas pouco ou nada havia a fazer para salvar o Huracán (onde tinha acabado de colocar 83 litros de gasolina) e a bomba de combustível onde tinha abastecido, ambos irremediavelmente destruídos.
O dono do Huracán, que viajava acompanhado de uns amigos, estes ao volante de um Lamborghini Spyder, viria a descobrir depois o que o levou a despedir-se do seu coupé que lhe tinha custado quase 400 mil dólares. Em conversa com as muitas testemunhas que frequentavam a estação de combustível naquele momento – e uma delas filmava mesmo o Huracán azul segundos antes de este ser engolido pelas chamas –, as autoridades apuraram que, no outro lado da mesma bomba em que se abasteceu o Lamborghini azul, estava a abastecer um monovolume que tinha ao volante um indivíduo descrito por uns como uma criança e por outros como um jovem. Ora as imagens confirmam que o jovem decidiu arrancar quando ainda estava a abastecer, arrancando a mangueira da bomba e arrastando-a ainda ligada ao carro. O combustível que saiu da bomba encharcou rapidamente a zona, tendo-se incendiado pela proximidade ao escape ainda quente do Lamborghini que, por ser muito baixo, tem o escape necessariamente muito próximo do solo.
A boa notícia – se é que é possível existirem boas notícias quando alguém perde um carro deste valor, sobretudo sem ser por culpa própria – é que não houve feridos. Mas, para o condutor, a possibilidade de atribuir a destruição de seu carro a alguém foi um caso óbvio de bonança depois da tempestade. Diz quem estava presente que assim que visionou as imagens, o dono do Huracán dirigiu-se ao condutor do monovolume, gritando-lhe: “Deves-me 400.000 dólares”.