Os motores dos aviões comerciais a jacto são de uma complexidade extrema. Denominados turborreactores, são enormes e os Trent XWB mais potentes chegam a ter uma entrada com 3 metros de diâmetro, 430 kN de impulso e um preço de 30 milhões de euros. Uma vez montado e pronto a funcionar, a folga entre as múltiplas peças que constituem este tipo de motores é tão pequena que as inspecções são um drama. E a manutenção, sem uma desmontagem parcial, é sempre morosa e dispendiosa, tanto mais obriga o avião a ficar em terra – um exercício que se quer evitar.

Também por isto, a Rolls-Royce, que já produz dos melhores motores do sector e possui alguns dos melhores técnicos, desenvolveu agora os mecânicos mais pequenos do mundo. Curiosamente, com formas menos habituais, mais precisamente de baratas e serpentes, tudo para manter os motores impecáveis sem ter de desmontá-los e obrigar a prolongadas revisões.

Os investigadores da empresa britânica especializada em motores aeronáuticos, em colaboração com as universidades de Harvard e de Nottingham, estão a desenvolver um sistema, similar a um endoscópio, um tubo fino, mas longo e flexível, que permite colocar os mecânicos exactamente no local que necessita da sua atenção. Mas neste caso, os mecânicos não têm 1,80 metros de altura ou vestem a farda da Rolls, são sim uns micro robots com cerca de 10 mm de largura, capazes de se deslocar pelo interior do motor pelos seus próprios meios.

Estamos a desenvolver estes dispositivos em miniatura que nos vão permitir entrar num dos nossos motores jacto e, rapidamente, realizar inspecções ou reparações”, explica o técnico da Rolls-Royce James Kell.

Especificando, Kell continua: “As reparações podem ter a ver com remoção ou adição de material e, para o conseguir, estamos a trabalhar com uma série de fornecedores para desenvolver as sondas que iremos utilizar à semelhança de instrumentos cirúrgicos.”

O objectivo é, por exemplo, num motor com uma das alhetas do compressor danificada no Dubai, depois de um encontro com um pássaro, passará a ser possível mandar entrar os micro robots, que serão comandados por um dos técnicos da Rolls a partir de Inglaterra. Quem sabe se, em breve, este tipo de solução não vai estar igualmente disponível para os outros produtos da Rolls-Royce, desta vez o fabricante de automóveis propriedade da BMW, ou até noutras marcas da indústria automóvel.

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