A China diz-se perseguida pela guerra comercial encetada por Trump, mas a realidade é que é difícil encontrar um país mais injusto com quem estabelecer relações comerciais. Por exemplo, para vender automóveis na China, é necessário produzir localmente, pois de contrário os impostos sobre as importações são assustadores. Como se isto não bastasse, para produzir lá, é necessário arranjar um sócio, que tradicionalmente representa o Estado, que fica com 50% da joint-venture. Sendo que esse sócio é igualmente um fabricante de veículos, o que lhe permite aceder de imediato a todo o know-how da marca estrangeira. Felizmente para a China, nenhum outro país lhe impõe uma tão dura lista de exigências para aí comercializar o que quer que seja, do balde de plástico ao mais complexo computador ou telefone.

Resultado da pressão, de americanos e europeus, a China finalmente deu provas de uma maior abertura e já deixou cair a lei que impedia os estrangeiros de possuir a maioria do capital das suas fábricas e das suas empresas. As primeiras a beneficiar deste estatuto são a BMW e a Volkswagen.

A BMW, que possui uma joint-venture com a Brilliance – com cada parte a deter 50%, como não podia deixar de ser –, foi autorizada a investir para incrementar a produção de veículos para as 520.000 unidades em 2019, tendo o Estado anunciado, através do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, que a marca bávara seria a primeira a poder deter mais do que 50% do negócio. Quanto, não revelou.

Simultaneamente, a Volkswagen está em conversações com a FAW para aumentar o controlo sobre a joint-venture que os une, com o fabricante germânico a tentar proceder de igual forma em relação a uma segunda parceria a 50%, que detém com outro fabricante local, a JAC. Esta abertura está associada à necessidade chinesa de captar novos investimentos estrangeiros, mas não se aplica a todo o tipo de indústrias.

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Tesla vai “invadir” China. Fábrica está assegurada

Curiosamente, a Tesla será o primeiro construtor a controlar a 100% uma empresa no país, o que foi alvo de um enorme braço de ferro entre o Governo e Elon Musk, que se recusou a investir se fosse obrigado a manter um parceiro chinês. A Gigafactory, que a Tesla vai instalar em Lingang, próximo de Xangai, será integralmente controlada pela marca californiana, uma novidade para o país que os restantes fabricantes não deixarão de querer seguir, americanos ou europeus.