O maior fabricante de baterias em território americano é a Panasonic, que produz as pequenas células – ligeiramente maiores do que uma bateria AA – na Gigafactory da Tesla no Nevada (onde é sócia minoritária do construtor americano), células essas que depois são ligadas entre si para criar os packs de baterias que equipam os veículos da marca. Mas dificilmente os japoneses especializados em acumuladores, pequenos e cilíndricos, poderiam imaginar que a batalha comercial que o Governo americano declarou à China, bem como a outros países da América do Sul à Europa, iria beliscar o seu negócio.

As baterias dos veículos eléctricos modernos, embora chamadas de iões de lítio, deveriam ser conhecidas por baterias de cobalto, pois usam maiores quantidades deste material do que de lítio. Ora sucede que o sócio da Tesla recorre a cobalto extraído da vizinha Cuba, precisamente um dos países que ‘caiu em desgraça’, no que a Donald Trump diz respeito.

O cobalto cubano não é  importado pela Panasonic da ilha de Castro, mas sim adquirido pelos japoneses aos canadianos da Sherritt International Corp., que por sua vez o mineravam, entre outros locais, naquela ilha das Caraíbas. Como os canadianos não conseguem determinar qual a percentagem de cobalto cubano que existe no produto que comercializam, a Panasonic viu-se obrigada a solicitar a opinião do Departamento do Tesouro americano, responsável pelo controlo da importação de produtos do estrangeiro.

É certo que a Panasonic tem outros fornecedores, para as outras fábricas de baterias que possui no mundo, como por exemplo a filipina Sumitomo Metal Mining, ou os fornecedores que se abastecem na República Democrática do Congo, país que atravessa um mau momento, o que torna a exportação do metal mais complexa. Importar cobalto de locais mais longínquos fica mais caro, sendo também mais complexo manter um fluxo regular.

Contudo, há um lado positivo associado à impossibilidade de dispor à vontade do minério cubano. Prende-se com todo o trabalho desenvolvido nos últimos tempos pela Panasonic, de forma a aperfeiçoar as baterias sem cobalto, que certamente agora será acelerado.

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