Já vai em 19 o número de voos cancelados esta quarta-feira, nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, devido à greve dos tripulantes de cabine da companhia aérea irlandesa Ryanair. Os tripulantes de cabine cumprem esta quarta e quinta-feira a primeira greve europeia na história da companhia aérea irlandesa. Exigem a aplicação da lei nacional e melhores condições de trabalho.

Para estes dois dias de paralisação, a Ryanair prevê que sejam cancelados até 600 voos em toda a Europa — 12% do número total de voos operados  — e que 50 mil passageiros sejam afetados.

Apesar de ser a primeira a nível europeu, é a quinta greve a acontecer na companhia aérea irlandesa e a quarta num só mês. A primeira paralisação de sempre na história da empresa foi a dos tripulantes de cabine com base em Portugal, realizada em três dias não consecutivos: 29 de março, 1 e 4 de abril deste ano. A greve aconteceu, com uma adesão superior a 90%. A própria Ryanair admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve portuguesa, num memorando interno onde lhes agradecia. E acusou o sindicato de “intimidar a tripulação que deseja exercer o seu direito de trabalhar normalmente”. Esta situação levou a Autoridade para as Condições de Trabalho a investigar a transportadora, para averiguar irregularidades relacionadas com o direito à greve. Em dezembro, tinham sido agendadas paralisações em vários países, mas não chegaram a acontecer. A segunda greve foi a dos pilotos irlandeses, no dia 12 de julho, que voltaram a fazer uma paralisação no dia 20 e outra no dia 24.

“Luta contra bullying” ou uma “greve desnecessária”. O que se passa na Ryanair?

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A Ryanair tem mais de 2 mil voos diários, a partir de 86 bases, fazendo a ligação entre mais de 220 destinos, em 37 países. Em 2017, tornou-se a primeira companhia aérea europeia a transportar mais de mil milhões de passageiros. Nesse ano, as polémicas em torno da empresa também atingiram números recordes, com greves cada vez mais frequentes.

A 2 de abril, os sindicatos começaram a negociar uma greve europeia, que a Ryanair considerou, desde logo, “desnecessária”. A companhia enviou, na passada terça-feira, um email aos tripulantes para perceber se vão aderir à greve, incentivando-os a apresentarem-se ao trabalho. Fonte da Ryanair confirmou que o email foi enviado, mas recusou qualquer ilegalidade: “Podemos perguntar aos nossos colaboradores se estes pretendem trabalhar nos turnos que lhe foram atribuídos, do mesmo modo que eles podem decidir se respondem ou não. Temos o direito de procurar respostas (a questões razoáveis) dos nossos colaboradores”. A mesma fonte garantiu que “ninguém pode ser, nem será, castigado ou vitimizado por aderir a uma greve, do mesmo modo que os sindicatos não podem ameaçar, intimidar e transmitir informação incorreta a todos os que não desejam aderir à greve”.

Ryanair obriga tripulantes a dizer se vão aderir à greve e incentiva-os a trabalhar: “Se não responderem, irão receber um email pessoal”

[artigo atualizado às 12h55 com novos números de voos cancelados]