Artur Torres Pereira, presidente interino da direção do Sporting, e José de Sousa Cintra, líder da SAD leonina, juntaram esta quarta-feira numa conferência de imprensa representantes da Juventude Leonina, da Torcida Verde, do Diretivo Ultras XXI e da Brigada Ultras Sporting, as quatro claques verde e brancas. Na sessão, clube, SAD e grupos organizados de adeptos sublinharam o início de “um tempo novo”.

Na conferência de imprensa, onde foi Sousa Cintra a fazer a comunicação inicial e Torres Pereira a responder às perguntas dos jornalistas, os dois dirigentes declararam “apoio total” às claques e demonstraram vontade em esquecer o passado recente. O líder da SAD sublinhou que enquanto foi presidente do Sporting, entre 1989 e 1995, nunca teve “qualquer problema” com os grupos organizados de adeptos e “nunca foi preciso meter polícia” porque os incidentes eram resolvidos internamente.

Numa recusa permanente em falar do que aconteceu em Alcochete no dia 15 de maio – por considerar que “o passado fica no passado” -, Sousa Cintra comentou apenas o episódio que tinha tido lugar uma semana antes das agressões, quando o Sporting recebeu o Benfica no Estádio de Alvalade. Na altura, elementos da Juventude Leonina atiraram tochas para a zona junto à baliza de Rui Patrício logo nos primeiros minutos de jogo. Para Sousa Cintra, o importante é “saber perdoar”.

Ninguém gosta de ver aquilo. Eu, pessoalmente, fiquei chocado. Mas temos de acreditar que vamos entrar num tempo novo. Uma das coisas importantes na vida é saber perdoar. Neste momento é importante que sejamos capazes de perdoar. Tudo isso vai fazer parte do passado. Não é bom recordar essas coisas, episódios negativos”, afirmou o atual líder da SAD do Sporting.

Questionado sobre uma alegada dívida da Juventude Leonina ao Sporting – no valor de um milhão de euros -, Torres Pereira negou a notícia e disse que se trata de uma “situação incorreta”. “Não confirmo essa dívida. É uma situação incorreta. Existe uma conta corrente que vai variando de valor ao longo do tempo para cobrir gastos que possam ser imputáveis aos grupos organizados de adeptos. Uma conta corrente que existe com o clube. Tudo isto está previsto no protocolo de relação entre o clube e os grupos organizados de adeptos, é transparente”, explicou o presidente interino do clube de Alvalade.

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Torres Pereira atirou ainda algumas farpas ao Benfica, principalmente no que toca à legalização das claques. “Os nossos grupos organizados de adeptos estão legalizados no Instituto Português de Desporto e da Juventude e funcionam às claras, ao contrário do que sucede com o nosso rival que, apesar de ser obrigatório legalizar e identificar o grupo de adeptos organizados desde 2009, não tem legalizado e responsabilizado os seus adeptos. Não sabemos porquê, se por receio…”, atirou o presidente interino da direção dos verde e brancos.

Já no final da conferência de imprensa, confrontado com a afirmação de Dias Ferreira – que não colocou de lado a hipótese de se candidatar à presidência do Sporting e manifestou a intenção de manter Sousa Cintra na SAD -, o antigo presidente verde e branco garantiu que não é “candidato a coisa nenhuma” e não vai comentar qualquer candidatura.

De recordar que as quatro claques do Sporting haviam emitido um comunicado conjunto na passada semana onde repudiavam os atos de violência que tiveram lugar em Alcochete, em maio, e asseguravam a “total independência e equidistância” face as candidaturas já apresentadas aos órgãos sociais do clube.