Alexandre Benalla, ex-colaborador do Palácio do Eliseu, admitiu em entrevista ao jornal Le Monde que “cometeu uma falha”, mas denuncia que havia “vontade de atingir” o presidente francês Emmanuel Macron.

“Sinto que fiz uma grande asneira. Cometi uma falha (…) Eu nunca deveria ter ido a essa manifestação a não ser como observador, e deveria ter ficado atrás”, disse Benalla referindo-se às agressões a um manifestante no dia 1 de maio.

Por outro lado, Benalla considera que o “caso” em que se encontra envolvido está a servir aqueles que pretendem atingir o presidente da república.

Não faço nenhuma ‘teoria da conspiração’, esta é a realidade. Mantenho reserva sobre tudo o que se passou depois (do dia 1 de maio). Mas ele (manifestante) inicialmente tinha intenção de atingir o presidente da República. Sobre isso tenho a certeza”, afirma o ex-colaborador do Palácio do Eliseu.

De acordo com Benalla, o caso que foi revelado pelo Le Monde no dia 18 de julho “teve a intenção de ‘apanhar’ o presidente da República. Eu era o ponto mais fácil para o conseguirem. Sou o elo mais fraco”, afirmou.

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“Eles tentaram alcançar-me. Atingir-me e foi também uma oportunidade para chegar ao Presidente da República”, acrescentou.

As pessoas que fizeram sair as informações estão a um nível importante (…) são políticos e polícias. E não estou a pensar em Collomb (Gerard Collomb, ministro do Interior), em quem confio. Para ele eu não sou ninguém mas ele está rodeado de gente …” disse sem especificar.

Desde a semana passada que Emmanuel Macron e o Executivo de Paris estão sob a pressão do caso conhecido como “Benallagate” tendo sido instaurados vários processos a nível judicial e policial e a nível político nas duas câmaras do Parlamento: Assembleia Nacional e Senado.

Entretanto, o secretário-geral do palácio do Eliseu, Alexis Kohler, principal responsável pela gestão interna da presidência francesa, negou esta quinta-feira a existência de “uma polícia paralela” ligada ao chefe de Estado.

Há vários dias que a oposição francesa, a propósito do “caso Benalla” se refere à existência de uma “polícia paralela” do Palácio do Eliseu.

Kholer prestou esta quinta-feira declarações perante a comissão de investigação do Senado que pretende explicações sobre o ex-responsável pela segurança Alexandre Benalla, acusado de ter agredido manifestantes fazendo passar-se por agente da polícia.

Não existe nenhuma ‘polícia paralela’ no Eliseu. Não empregamos guardas privados para proteger o chefe de Estado”, disse Kholer perante a comissão.

O secretário-geral do Eliseu disse também que Benalla não era “guarda-costas” de Macron e que tinha como função a ligação entre o dispositivo de segurança e o chefe de gabinete além de coordenar as viagens presidências.

Kholer considerado como “muito próximo” de Emmanuel Macron disse aos senadores entender quer “perante os factos conhecidos desde o incidente”, a sanção de 15 dias sem ordenado decretada a Benalla “pode ser insuficiente”.

Mesmo assim, insistiu que “com a informação disponível na altura em que se tomou a decisão (dia 02 de maio), o castigo era proporcionado”.

Na quarta-feira à noite Macron disse aos jornalistas que a sanção contra Benalla, um dia depois dos factos, pareceu-lhe “proporcionada”, caso contrário teria pedido ao diretor do gabinete presidencial, Patrick Strzoda, uma ação disciplinar diferente.

A comparência dos membros da equipa de Emmanuel Macron tem suscitado uma batalha política entre o partido do chefe de Estado e a oposição que se queixa de que tenha sido vetada a presença de Kholer e de outros elementos do Eliseu na Assembleia Nacional.

O secretário-geral do Eliseu e o diretor da Polícia Nacional, Eric Morvan, compareceram na Câmara Baixa graças à maioria que o partido conservador (Republicanos) tem no Senado.