O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, classificou esta sexta-feira como inaceitável a morte de uma estudante brasileira atingida por tiros durante os protestos contra o Governo da Nicarágua e prometeu insistir no esclarecimento do crime.

“Vamos insistir porque nos parece uma coisa inaceitável”, disse Aloysio Nunes, falando aos repórteres em Joanesburgo, na África do Sul, onde decorre a X cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O ministro brasileiro também indicou que, até o momento, o Governo nicaraguense disse que o crime foi cometido por um segurança particular e não por membros de um grupo paramilitar.

“Chamámos o embaixador [do Brasil] na Nicarágua para nos explicar em mais detalhes e também a embaixadora da Nicarágua no Brasil para fazer um gesto diplomático de profunda discordância do Brasil sobre a violência na Nicarágua, que terminou com uma vítima brasileira”, disse ele.

Aloysio Nunes frisou o seu apoio à Organização dos Estados Americanos (OEA), lembrando que o órgão pretende iniciar negociações junto ao governo da Nicarágua para acabar com a violência “não só da polícia, mas também, talvez, a violência mais escandalosa das forças paramilitares contra movimentos que buscam uma reforma política no país.”

No início desta semana, uma estudante brasileira chamada Rayneia Gabrielle Lima morreu em Manágua, capital da Nicarágua, atingida por tiros. O reitor da faculdade onde a jovem estudava medicina, a Universidade Americana (UAM), disse num canal de televisão daquele país que os tiros que mataram a estudante foram disparados por um grupo paramilitar, que teria ligação com o Governo local.

A morte Rayneia Gabrielle Lima ocorreu em plena crise social e política nicaraguense, com manifestações contra o Presidente Daniel Ortega que provocaram entre 277 e 351 mortos, segundo organizações humanitárias locais e internacionais. Os protestos contra Ortega e a sua mulher, a vice-Presidente Rosario Murillo, começaram a 18 de abril, quando a população passou a manifestar-se nas ruas contra as reformas fracassadas na área de segurança social e a exigir a renúncia do Presidente.

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