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Um "tesourinho" televisivo, o slow e a confissão sobre fumar estupefacientes: Assim foi António Costa no "5 Para a Meia Noite"

Este artigo tem mais de 5 anos

Um slow, a confissão de já ter fumado estupefacientes e mentido à imprensa e um (formal) telefonema ao ministro das Finanças (que não trata por tu...). Uma entrevista a António Costa que teve de tudo.

Foi ao som da música “I´ve got the Power”, esse mega-êxito dos anos 90 criado pelos Snap!, que o primeiro-ministro, António Costa, entrou em palco na última edição da corrente temporada do programa “5 para a meia-noite”, na RTP1. O episódio pode ser visto no site da estação.

Costa foi de fato, mas sem gravata. Filomena Cautela, a apresentadora do programa, brincou com esse pormenor, lamentando que para a entrevista com Cristina Ferreira, Costa tinha ido mais formal. “Olhe que até levo a mal”, afirmou. Costa apareceu relaxado e bem-disposto, mas sem disfarçar um certo “nervoso miudinho”, típico de quem não sabe bem o que lhe pode vir a calhar.

Filomena Cautela não quis saber de nervosismos e foi à garganta: “Senhor primeiro ministro, posso tratá-lo por babush?”. Ou “Doutor Babush?”. Costa disse que seria ou um ou outro, Babush com Doutor é que não. Apesar da bravata, a apresentadora haveria de se referir a Costa, ao longo da entrevista, como “sr. primeiro-ministro”. E Costa não a corrigiu.

Mas Filomena Cautela também lançou logo um desafio no início: se, no final, Costa admitisse que esta tinha sido a entrevista mais divertida que já deu, telefonaria em direto ao ministro das Finanças, Mário Centeno, para perguntar: “Como é que é, Marinho?!”. Costa acabaria por cumprir o prometido. Mas lá chegaremos.

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Piadas soltas e boa disposição imperaram ao longo dos cerca de 45 minutos do último episódio da temporada,   transmitido em direto. As primeiras questões foram mais ligeiras, com perguntas como, por exemplo, se faria melhor à economia do país ter Centeno como presidente do Eurogrupo ou Cristiano Ronaldo na Juventus.

“Se ele viesse jogar para Portugal é que era bom para o país, mas o problema é que pode ir parar a um mau clube”, respondeu Costa, numa referência à possibilidade de CR7 acabar a carreira no Sporting.  E Donald Trump sabe onde fica Portugal? “Sabe sim! Pelo menos tenho a certeza que o Trump conhece o Porto de Sines, não fosse esse porto um dos por onde entra o gás natural norte-americano”, replicou o PM.

Ultrapassada esta parte mais “soft”, a primeira questão que seguramente pôs toda a gente a pensar “ui!”.

“O Junker estava mesmo bêbado naquela cimeira?” Costa soltou uma gargalhada, recompôs-se e respondeu que não, que tinha a certeza que estava sóbrio. “Agora se estava com uma crise de ciática, ou não, isso já não sei”. Esta questão lançou a escada para as “perguntas difíceis” que surgiam sempre disfarçadas pelo ambiente ligeiro e bem-disposto. “Alguma vez quis saltar da tribuna na AR e dar uma cabeçada em alguém?”, perguntou Filomena. O primeiro-ministro engoliu em seco, sorrindo,  e disse: “Tenho mesmo de responder a isso?”. Não teve, mas não se escapou de dançar um slow — com autorização da mulher, sentada na primeira fila do público — antes do intervalo. Filomena Cautela corrigiu a posição das mãos e disse que o PM queria dançar “muito à antiga”. “Assim também é demasiado à antiga”, respondeu Costa.

E foi nesta onda que seguiu todo o programa, onde houve espaço para revelações curiosas. Costa assumiu que nunca ganhou o salário mínimo e… que teve um passado como apresentador de programas de televisão. Filomena explicou que encontraram nos arquivos da transmissora nacional um episódio muito especial do programa “Botas de Sete Léguas”.

Tesourinho televisivo número 1 (o outro foi com Jerónimo de Sousa, irreconhecível, a dançar). Rola o genérico, a preto e branco, e em menos de nada lá aparece um António Costa acabado de atingir a adolescência, magro e com um pullover justo às anos 70 e uns colarinhos tamanho XL, a entrevistar um grupo musical da Cova da Piedade no qual tocava Paulo de Carvalho. “Deixe que lhe diga que o primeiro-ministro era um canhão quando era mais novo”, atirou Cautela. Costa riu.

Logo a seguir, gastronomia. Costa cozinha uma “ótima” moqueca: “Pode ser de camarão ou de peixe, gosto muito de ambas”. Já ajudar em casa é que não: passar a ferro nunca e a loiça, que a lave a máquina. “Foi para isso que as inventaram”.

Se tivesse de ficar preso numa ilha deserta com alguém, escolheria uma companhia improvável: Jerónimo de Sousa… “Ao menos somos os dois do Benfica!” Contudo, a maior das revelações surgiu já no final do programa, na rubrica “Eu nunca…” na qual a anfitriã faz uma série de perguntas aos convidados para que eles respondam (levantando uma placa a dizer “nunca” ou “yeah”) se já fizeram ou não algo. “Eu já fumei estupefacientes”, perguntou cautela. Imediatamente as atenções voltaram-se para o PM: Costa hesitou, esteve vai não vai para dizer que não, mas virou a placa para o sim, acabando por confirmar que sim, que já tinha “fumado”.

No segmento “Pressão No Ar”, em que o convidado é sujeitado a uma bateria de perguntas complicadas para serem respondidas rapidamente, surgiu outro momento curioso, a maior “farpa” atirada ao seu antecessor, Pedro Passos Coelho. Inês Lopes Gonçalves, co-apresentadora do “5 Para a Meia-Noite”, disse o seguinte: “Quem é que disse que vinha aí o diabo?”, numa clara alusão à afirmação de Passos Coelho em 2016 sobre a situação económica e financeira do país, em antecipação às primeiras negociações de OE da “Geringonça”. A pergunta tinha resposta múltipla — “Passos Coelho, o Papa ou o líder dos Diabos Vermelhos” — mas Costa decidiu dar a sua própria resposta: “Foi alguém que se enganou”. “E o Papa não foi que ele é infalível”, completou já entre risos da plateia.

Já perto do fim do episódio, António Costa acabou por assumir que só mentiu uma vez a um jornalista, mas recusou dizer quem e em que contexto — “daqui a uns anos depois digo”, afirmou sorrindo. Antes garantiu que nunca mentiu numa entrevista: “Numa entrevista nunca, mas a um jornalista já”.

E se ainda fosse presidente da Câmara de Lisboa, também arranjaria estacionamento à Madonna? “Provavelmente” sim, disse Costa, solidário com Fernando Medina. O ponto mais alto, contudo, foi a prometida chamada a Mário Centeno.

Filomena Cautela não se esqueceu da promessa e obrigou mesmo o PM a puxar do telemóvel para telefonar a Mário Centeno. “Vamos lá ver se ele está acordado”, esquivou-se Costa.

O relógio batia perto das 00h30 quando Costa puxa do telemóvel — a sua assistente teve de o ajudar a pôr o código para o desbloquear — e começa a chamada. “Está a chamar”, relatou. Cautela quis por em alta voz, mas Costa defendeu a privacidade de Centeno: “Primeiro tenho de lhe perguntar se ele aceita”.

“Está? Mário? Está bom? Estou no 5 Para a Meia-Noite e a Filomena Cautela quer-lhe perguntar uma coisa que eu não tenho intimidade suficiente para perguntar”, afirmou o primeiro-ministro. Para começar revelou que trata Mário Centeno por você. Já com o telefone em alta-voz, Cautela chega-se ao pé do auscultador, cumprimenta o Ministro da Finanças e solta um sonoro “Como é que é Marinho?”

Depois de Rui Rio ter feito história, no mesmo programa, ao dar um show de bateria a solo, António Costa elevou a fasquia ao converter-se no primeiro chefe de governo a dançar um slow num talk show de humor.

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